Otávio mora há mais de 10 anos no mesmo apartamento. Conhece do avesso aquele lugar. Dia após dia entra pela mesma porta. Dá exatamente duas voltas na fechadura. Encontra o mesmo quadro quando abre a porta. Coloca a chave na mesma mesa. Dá uma olhada nas contas e senta na mesma cadeira da sacada para fumar um cigarro sem gosto. Sempre do mesmo jeito. Sempre no mesmo horário. A cada início de noite a solidão mexe com sua cabeça. A fumaça o envolve de uma forma tal que tudo a sua volta desaparece. O ritual é o mesmo noite após noite. Naquela noite a vizinha está sentada na sacada ao lado. A luz está apagada e ela divaga sobre o dia que passou. Esperando o vizinho metódico. Naquele dia nada que lhe cercava dera certo. Mais uma vez. Só lhe restava espiar a rotina de sempre do vizinho sem nome, enquanto espera o seu banho relaxante. Na mesma hora de sempre ele chegou ao seu apartamento. Ouve ele fechando a porta, dá exatamente duas voltas na fechadura da porta. Como aquele cara
LedVenture, um lugar reservado à escrita sem preocupações, apenas deixando as palavras tomarem forma...