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Mostrando postagens de abril, 2014

Noite

     Otávio mora há mais de 10 anos no mesmo apartamento. Conhece do avesso aquele lugar. Dia após dia entra pela mesma porta. Dá exatamente duas voltas na fechadura. Encontra o mesmo quadro quando abre a porta. Coloca a chave na mesma mesa. Dá uma olhada nas contas e senta na mesma cadeira da sacada para fumar um cigarro sem gosto. Sempre do mesmo jeito. Sempre no mesmo horário. A cada início de noite a solidão mexe com sua cabeça. A fumaça o envolve de uma forma  tal que tudo a sua volta desaparece. O ritual é o mesmo noite após noite.     Naquela noite a vizinha está sentada na sacada ao lado. A luz está apagada e ela divaga sobre o dia que passou. Esperando o vizinho metódico. Naquele dia nada que lhe cercava dera certo. Mais uma vez. Só lhe restava espiar a rotina de sempre do vizinho sem nome, enquanto espera o seu banho relaxante. Na mesma hora de sempre ele chegou ao seu apartamento. Ouve ele fechando a porta, dá exatamente duas voltas na fechadura da porta. Como aquele cara