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Mostrando postagens de setembro, 2011

Vivendo ao largo da vida...

     - Eu vivo ao largo da vida.      - Como assim?      - Isto mesmo. Eu vivo costeando a vida. Nunca me senti incluído em nenhum grupo social. Nunca convivi com nenhuma turma. Sempre fui muito sozinho.      - Mas hoje somos um casal e temos alguns amigos.      - Sim, mas são muito mais teus amigos do que meus. E para dizer a verdade são apenas conhecidos.      - Otávio, às vezes acho que tu é louco.      - Por quê? Talvez porque eu goste de falar a verdade? Pelo menos a minha verdade.      - É. Nem sempre gostamos de ouvir verdades.      - Mas eu gosto de falá-las.      - Otávio, tu tem esta mania de falar o português correto. Isto, sim, me incomoda. E também me irrita esta tua vontade de falar verdades... Verdades não são para serem ditas.      - Isabele, olha o paradoxo desta tua frase...      - Para o que...      - Paradoxo. Para os menos acostumados com o vernáculo, paradoxo é uma especie de contrassenso, absurdo ou disparate.      - Tu e esta mania de me chamar de i

Os excluídos da festa

     Diante deste texto não tenho o que falar, somente fazer minhas as palavras do colaborador Carlos Engels da distante Pato Branco. Sugiro também a leitura do post do dia 20 de setembro - Licenças Poéticas , talvez entendam a contribuição dos leitores deste blog. Caso não entendam, atentem para a mensagem deste texto. Boa leitura a todos e todas. Obrigado, Carlos Engels. Por Carlos Engels      A vida é uma consequência de tudo que fizemos. Certo? Errado. Pelo menos tenho a impressão que não é bem assim. Muitas pessoas fazem tudo certo, estudam, se dedicam em seus empregos, dão o melhor de si e mesmo assim vivem uma vida de ilusões e insatisfações. Como explicar isso? Como dizer que muitas vezes o imponderável é o que rege nossas vidas?      Alguns afirmam que este é o encanto da vida. Acho que este fato é a M. da vida. Neste imponderável reside a justificativa para tudo que vivemos a nossa volta.      Realmente custo a entender que o esforço de muitos não se reflita em suas vi

Nostalgia

     As ditas redes sociais transbordam nostalgia. Saudades dos tempos idos, saudades das músicas, das festas, da juventude, enfim, de tudo que já passou. Não sei se sou do contra, mas a verdade é que não tenho nenhuma saudade daqueles tempos. Até porque já passou. Já vivenciei aqueles momento, se aprendi ou não alguma coisa, já faz parte do passado.      Eu por exemplo gosto da música dos anos 70, que não é bem da minha geração, mas gosto do som daqueles anos que não vivi. Em relação a minha geração a música era uma droga. Salvo raras exceções. Mas este fato não me autoriza a ficar gritando para os quatro cantos que som mesmo é dos anos 70. Aliás, tudo que me lembra os anos da adolescência eu quero distância, talvez porque foram os anos de incertezas da vida. Gosto dos meus amigos, mesmo que distantes de mim. Mas a grande verdade que tudo que passou é passado e nada mais do que isso. Na adolescência não sabemos quase nada, continuamos a não saber nada agora, mas é um não saber dif

Licenças poéticas

      No texto do Cotidianidade recebi o seguinte comentário: estou de olho..não adianta remover... Já criaste 2 leitoras que " contribuiram" com teu blog.. por que não assumir que os textos são teus? é para parecer que mais gente lê o blog? os teus textos são bons..não precisas deste artifícios..      Primeiramente tenho que dizer que fui surpreendido com este comentário. Engraçado como algumas coisas mexem com nossos sentimentos. E sem muita explicação.      Sempre ouvi a seguinte frase "não importa o meio, mas sim a mensagem". E acho que serve para este caso, não importa se quem escreveu foi A, B ou C, mas sim se cumpriu com sua missão, levar alguma mensagem, seja ela tola ou não. Se pensamos sobre o que lemos já basta. Este é o objetivo de qualquer escritor, seja ele neófito como eu ou os mais experientes.      Escrever é uma atividade de exposição, nos desnudamos através das palavras (escrevi isto estes dias) e é a mais pura realidade. Quem quer escrev

cotidianidade

     Hoje pela manhã recebi um e-mail com um texto a ser publicado.  A contribuição vem do Guarujá, região litorânea de São Paulo.      Paula, agradeço seu texto e faço minha as tuas palavras. E continue contribuindo com o ledventure.blogspot.com Por Paula Grandin      A vida cotidiana é muito comum. Esta é uma dura constatação. Não existe encanto nesta vida que levamos. Antes de prosseguir, cabe uma definição de encanto, no que me valho do conhecido amansa burro:          Encanto Substantivo masculino. 1. Coisa que delicia, enleva, encanta: os encantos da vida. 2. V. encantamento (4): pessoa de grande encanto .      Prosseguindo. Acordamos pela manhã, tomamos café, nos atualizamos dos acontecimentos pelo rádio, jornais ou internet. Nos dirigimos ao trabalho, trabalhamos e ao final da tarde voltamos para casa. É um breve resumo desta vida comum que levamos. Às vezes acontece algo fora desta rotina, um pneu que fura, um ônibus que passa fora do horário ou quem

Sonhos de um menino...

     Este mundo que vivemos nos surpreende constantemente.      Vejo o mundo atual sem muito futuro, não encontro perspectivas de melhora. Esta é uma sensação que me acompanha há bastante tempo. Não creio no ser humano. Mas ontem fui surpreendido. Mais uma vez. Uma amiga que poderia definir como enigmática me encaminhou um link -  Eduardo Galeano - El Derecho al Delirio (Legend)  - com as seguintes palavras: "pra te inspirar". Não escreveu nada mais. Somente estas palavras.      Como sou um cara meio desligado vi aquele link e pensei "depois acesso". O depois não chegou e esqueci. Mas a vida não somente coloca situações em nossos caminhos, mas quando nos desviamos o destino intervém novamente. Estava eu no trabalho quando literalmente esbarro nesta querida e enigmática amiga que me diz: "tu olhou o link que te mandei. É muito bonito". No mesmo instante lembrei que tinha reservado um espaço para o assistir o vídeo, mas que não tinha assistido. Imediatamen

O homem que não gostava de chocolate

     - Não, obrigado. Não gosto de chocolate.      - Como assim? Não gosta de chocolate! Todo mundo gosta de chocolate.      - Pois é, mas eu não gosto.      Carlos Eduardo já não suportava mais. Era sempre assim ou o chamavam de louco ou de doente, quando não o adjetivavam de outras formas... Sempre era excluído dos grupos sociais por não gostar de chocolate. A última passagem foi marcante.      Estava num longo período "single". Para falar  a verdade fazia cinco anos que estava sem namorada, nem um beijinho tinha dado neste período. Então, numa festa do trabalho, um colega apresentou a irmã, Milene. Até o nome era bonito. Uma Deusa para dizer o mínimo. Foi  amor à primeira vista, pelo menos da parte do Carlos Eduardo. Ela foi um pouco refratária às suas investidas, mas Cadu sentiu que ela gostara dele.      Trocaram telefones. E dias depois se encontraram. Eram um inverno rigoroso. Então Milene deu a ideia de irem num Fondue, pois ela conhecia um maravilhoso e era pert

Brasil independente...

     Ontem foi a comemoração da Independência do Brasil. Como eu estava envolvido com a marca dos 5.000 acessos ao blog, não me detive a esta data importantíssima para a nossa nação. São exatos 189 anos desde o longínquo sete de setembro de 1822. Pululam questionamentos em minha cabeça. Duas delas são mais intensas. Será que somos realmente independentes? Será que somos os donos de nossos destinos? A mim as respostas para estas perguntas singelas são claras.      Ao longo da nossa história temos exemplos claros da posição que tomamos como país. E também há exemplos de atitudes impostas por outras nações ao Brasil. O primeiro exemplo que me vem a lembrança é a guerra do Paraguai, onde formamos Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) para acabar com o Paraguai, um país que estava em franca ascensão. Os governos Paraguaios de   José Francia (1811-1840) e Carlos López (1840-1862) estavam em vias de erradicar o analfabetismo, estimularam a criação de fábricas nos mais variados ram

5.000 acessos e algumas revelações

     Agora são 14 horas e 21 minutos do dia 07 de setembro. Hoje é a data comemorativa da independência do Brasil, estamos fazendo 189 anos de independência. Talvez não seja uma independência plena, mas esta é uma outra história. Quero escrever sobre outros números. O blog neste momento está com 4.979 acessos. Este post é para agradecer os 5.000 acessos que em algumas horas ou quem sabe amanhã será alcançado. Só para terem ideia da loucura do ledventure, ontem foram 102 acessos e hoje já foram 107. Para um blog dedicado somente às palavras é um número imensurável.      Em primeiro lugar gostaria de agradecer a todos que acessaram este blog. Tenho consciência de que a maioria dos acessos são de pessoas que têm alguma relação de amizade comigo. Mas a bem da verdade estes acessos estão espalhados por muitos países. Brasil, Paraguai, Argentina, Itália, EUA, Espanha, Suíça, Canadá, Territórios Palestinos, Israel, Inglaterra, Chile, Alemanha, Malásia, Holanda, República Checa, Tunísia, Rus

Boa Esperança

     Era um dia frio. O vento cortante fazia o trabalho sujo de afastar as pessoas da rua. A cidade estava deserta, assim como o Restaurante Boa Esperança. Nunca um nome fora tão indicativo do estado de espírito de alguém. Dentro do estabelecimento, o proprietário, Alexandre e um cliente. Aliás. este cliente entrara quando o Restaurante abriu, pouco depois das 17:00 horas e estava até agora lá. Eram 22:00 horas.      Alexandre estava intrigado com aquele cliente. Deste às cinco da tarde bebendo. Nestas cinco horas dissera poucas palavras. Pedira dois maços de cigarros, pediu algumas cervejas e nada mais. O som de fundo era uma rádio que tocava música clássica. Alexandre adorava música clássica. Todos diziam que aquele estilo de música não combinava com butecos, ao que Alexandre respondia prontamente:      - O Boa Esperança não é buteco, é um Restaurante.      E ficavam nesta discussão que nunca se encerrava. Este era o charme do Restaurante ou buteco Boa Esperança.      Mas hoje er

A felicidade artificial

     No sábado ouvi uma espécie de parábola que era mais ou menos assim:        Uma mulher ao consultar seu médico pede para que ele receitasse um antidepressivo. O médico pergunta para a paciente o porquê daquele pedido inusitado, pois não vislumbrava nenhum sintoma que revelasse alguma depressão. Ela rapidamente responde:      - Meu pai está desenganado e morrerá em no máximo dois anos. Então quero estar preparada para quando esta tristeza chegar. Não quero sofrer. Quero criar uma espécie de blindagem para o sofrimento futuro.      Aquela passagem contada no rádio, real ou não, retrata uma dura realidade da vida moderna. Nós tentamos evitar tudo que possa remeter a alguma tristeza. A tristeza parece ser uma doença evitada de todas as formas por todos nós. A tristeza é encarada como uma espécie de hanseníase dos tempos modernos. Todos a escondem de forma a aparentar sempre uma alegria desmesurada. É salutar, em algum momento, viver um pouco de tristeza. Faz parte da vida e nos aj

Ciclo do amor...

      - Não sei como chegamos até aqui sendo completamente diferentes.      - Nós chegamos aqui por discordâncias irreconciliáveis. Nossa relação foi um erro.      - Como um erro, se estivemos casados por vinte anos?      - Mas nestes vinte anos nos fizemos muito mal. Desperdiçamos tempo ao tentar tornar o nosso amor viável. Pelo menos é o que eu penso.      - Realmente somos diferentes. Mas nunca achei que nosso casamento foi um erro. Fui muito feliz ao teu lado.      - Nestes anos, tu pode me dizer quantos foram realmente felizes ao meu lado?      - Não podemos mensurar este tipo de sentimento. A felicidade é um conjunto de pequenos momentos felizes. Tu sempre buscou algo fora de ti. Nunca consegui achar esta felicidade interior e buscava no outro ou no teu entorno.      - Não estou afirmando que fui infeliz, mas sim que esta vida não foi a que esperei para mim.      - Sempre olhando somente o teu lado, sempre senti que na verdade tu era muito egoísta, mas eu tinha a convicç

Ramon e a perda do amor

     Ele simplesmente parou de amar.      Ao andar por aquelas ruas Ramon pensava o porquê. Deixara de amar, simplesmente isso. Chegou a imaginar que era um personagem de algum livro do Saramago. Mas tudo a sua volta estava como no dia anterior, a única diferença estava dentro dele.      O grande propulsor da sua vida era o amor. O amor por tudo que lhe cercava. A família, os amigos, até mesmo seus desafetos, a todos amava.      As ruas pelas quais passava estavam exatamente como no dia anterior, a única mudança se dera dentro do seu ser. Ao encontrar sua esposa sentiu um vazio dentro de si. Mas mesmo assim tentou disfarçar. Chegou a pensar "minha vida a partir de agora será fingir que ainda amo".      Os dois andavam pela rua sem dizerem nada. Ela pensava "Ele tem outra. Está muito diferente.". Ramon apenas divagava sobre o seu futuro, tentava ver o lado bom da vida sem amor. Teria a possibilidade de não se envolver sentimentalmente com ninguém. Poderia ser um