Pular para o conteúdo principal

cotidianidade

     Hoje pela manhã recebi um e-mail com um texto a ser publicado.  A contribuição vem do Guarujá, região litorânea de São Paulo.
     Paula, agradeço seu texto e faço minha as tuas palavras. E continue contribuindo com o ledventure.blogspot.com

Por Paula Grandin


     A vida cotidiana é muito comum. Esta é uma dura constatação. Não existe encanto nesta vida que levamos. Antes de prosseguir, cabe uma definição de encanto, no que me valho do conhecido amansa burro:
         Encanto
Substantivo masculino.
1.
Coisa que delicia, enleva, encanta:
os encantos da vida.

2.
V. encantamento (4):
pessoa de grande encanto.
     Prosseguindo. Acordamos pela manhã, tomamos café, nos atualizamos dos acontecimentos pelo rádio, jornais ou internet. Nos dirigimos ao trabalho, trabalhamos e ao final da tarde voltamos para casa. É um breve resumo desta vida comum que levamos. Às vezes acontece algo fora desta rotina, um pneu que fura, um ônibus que passa fora do horário ou quem sabe testemunhamos um assalto. Esta é nossa vida e não adianta nos enganarmos. Onde está o encantamento deste viver diário? Muitos responderão que este é o encanto da vida. Resposta dissonante da realidade.
     Vivemos um cotidiano massacrante. Tentamos de todas as formas transformar este dia a dia, mas os esforços são em vão. Cada dia o cotidiano nos envolve de forma avassaladora. Sinto que vivemos a espera de um acontecimento sui generis que dificilmente vem. Nos preparamos para algum acontecimento fora da rotina, mas a rotina vence todos os dias esta luta contra o inesperado.Talvez escrever seja uma forma de modificar este cotidiano para melhor. Fazer um dia a dia diferente. Talvez sim, talvez não.
     Mas por que a vida se transforma nesta sucessão de dias sem encantos? Os mais sensíveis dirão que a vida tem seus encantos, basta olharmos cada dia com o olhar atento ou diferenciado. Mas com a devida licença destas pessoas, discordo. Discordo veementemente. Outros dirão que minha vida é comum, com o que retruco perguntando: O que sua vida tem de diferente? Não me refiro se é feliz o infeliz, não é esta a questão. Mas sim se a vida sai desta rotina de acordar, trabalhar e dormir...
     Hoje, por exemplo, tudo está transcorrendo da mesma forma que ontem, que por sua vez foi igual aos outros dias. Não reclamo, mas sinto que este cotidiano está acabando com a gente. Gostaria somente de entender a vida que levo, até para descobrir se posso transformar esta vida comum em uma vida  de verdade... Ledventure, este texto pode parecer um pouco desesperançoso, mas não é. É apenas um desabafo sobre a vida que todos nós levamos. Obrigado por ler e se quiser publique-o. Novamente obrigado. Paula Grandin.


     

Comentários

Postar um comentário

Interaja com Ledventure...

Postagens mais visitadas deste blog

Somos 99%

     Somos uma parcela significativa de qualquer sociedade. Somos os 99%. Apesar de sermos a imensa maioria, ainda assim somos excluídos de quase tudo. Somos chamados somente quando os detentores das riquezas, os outros 1%, precisam de nossos sacrifícios.      Como é possível que uma sociedade, com alicerces tão frágeis, fique de pé por tanto tempo? Não tenho a resposta. Entretanto, sinto que algo está mudando e muito rapidamente. Esta sociedade injusta já não está mais tão firme e começa a ser questionada. Nos últimos meses estamos acompanhando vários movimentos sociais espraidos pelo mundo. É a voz dos 99% se fazendo ouvir. Estamos cansados de sacrifícios intermináveis. E sempre dos mesmos para os mesmos. Nunca são chamados os detentores da riqueza. Um porcento da população nunca se sacrifica, mas quando aparece alguma dificuldade, criada pela ganância deles, colocam de lado suas convicções e imploram ajuda dos governos. Estes governos que sempre foram chamados de ineficientes ou

Vivendo ao largo da vida...

     - Eu vivo ao largo da vida.      - Como assim?      - Isto mesmo. Eu vivo costeando a vida. Nunca me senti incluído em nenhum grupo social. Nunca convivi com nenhuma turma. Sempre fui muito sozinho.      - Mas hoje somos um casal e temos alguns amigos.      - Sim, mas são muito mais teus amigos do que meus. E para dizer a verdade são apenas conhecidos.      - Otávio, às vezes acho que tu é louco.      - Por quê? Talvez porque eu goste de falar a verdade? Pelo menos a minha verdade.      - É. Nem sempre gostamos de ouvir verdades.      - Mas eu gosto de falá-las.      - Otávio, tu tem esta mania de falar o português correto. Isto, sim, me incomoda. E também me irrita esta tua vontade de falar verdades... Verdades não são para serem ditas.      - Isabele, olha o paradoxo desta tua frase...      - Para o que...      - Paradoxo. Para os menos acostumados com o vernáculo, paradoxo é uma especie de contrassenso, absurdo ou disparate.      - Tu e esta mania de me chamar de i

DSK, o homem "respeitável"

     Imaginem um homem poderoso. Um homem influente. Um homem "respeitável". Este homem entra num avião, se dirige à primeira classe, lugar onde sempre se acomoda quando viaja de avião. Afinal, é o todo poderoso, não existe outro lugar para este homem a não ser a primeira classe de uma aeronave. Pelo menos até então.      Mas antes de se deslocar até este avião, o "respeitável" senhor abusou de uma camareira do hotel de luxo onde estava hospedado. Muitos ao imaginar esta situação têm a certeza de que nada iria acontecer a este senhor poderoso, temos certeza de que ele iria para o seu destino e aquela camareira conviveria com esta chaga, ser abusada por um homem poderoso e nada poder fazer porquanto ninguém acreditaria nela. Mas não foi o que aconteceu nestes últimos dias nos Estados Unidos.      Muitos de nós criticamos os Estados Unidos. Na adolescência tínhamos como objeto da nossa ira este país imperialista. Afinal, éramos e ainda somos a parte do mundo explorada