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Mostrando postagens de junho, 2011

O viciado em Rolling Stones

     Todos diziam que Mauro Sérgio era viciado. Ele não achava.      Mas parou para pensar. Todas as músicas do seu iPod era Stones, todas as músicas no seu computador era Stones, ele só ouvia Stones e já fazia uns 15 anos. Nunca havia percebido, mas sempre que estava ouvindo alguma música era Stones. Foi dar uma olhada na sua coleção de VHS, tudo Stones, olhou seus CDs, todos dos Stones. Tinha muitas camisas com estampas dos Stones... Será que era viciado? Ele ainda estava em dúvida. Foi dar uma olhada nos seus DVDs e Blu-Rays, todos, sem exceção, eram Stones. A dúvida persistia. Foi se olhar no espelho, tinha três tatuagens que retratavam ... Stones. Não havia dúvida, era um viciado em Rolling Stones... Ele sabia qual era o tratamento, mas nem pensava em experimentar. Conhecia um amigo que era viciado em Pink Floyd e o tratamento dele foi muito duro, nem fazia bem lembrar em que ele passou.      Mauro Sérgio estava em dúvida sobre o que fazer. Mas agora tinha que ir trabalhar e foi

A primeira pregação do Pastor Moisés na Igreja Salvem-se Todos

     Ao olhar para fora hoje tive a nítida sensação de que estava em outra dimensão. Me senti outra pessoa e isso que não tomei nada na noite passada. Nenhum produto de fonte desconhecida, tudo igual, mas me sentia diferente. O que será? Novos tempos foi o que Moisés pensou. Hoje seria a sua grande estreia como pastor. Já tinha tudo na ponta da língua, quais passagens da bíblia citaria, quais versículos, tudo decoradinho.      Também pudera, são muitos anos de convivência nesta Igreja, ainda mais depois do curso de pregação na sede mundial da igreja em São Paulo. Sempre achou estranho a sede ser lá, não conseguia ver nada de místico nas ruas engarrafadas de São Paulo, mas logo lembrou das palavras proféticas do Bispo Nelson: "Deus não escolhe lugar para espalhar sua fé", Moisés deu uma cativante gargalhada, parecia até possuído. Mas nunca um pastor ficava possuído.      O Bispo Nelson, "dono" da igreja, veio buscá-lo em casa, Moisés não se surpreendeu com o car

Seguindo Rolling Stones

     Simplesmente demais... Antonio delirava em frente da televisão vendo pela milésima vez um dos shows da melhor banda de rock do planeta, quando olha para sua mulher e pergunta:      - Rita, tu não acha que os caras são os melhores? Será que finalmente estaremos de acordo em alguma coisa?      - Antonio, tu está cansado de saber que não gosto de Rolling Stones... é a milésima vez que tu me pergunta. Sempre que assiste este DVD tu vem com a mesma ladainha. Não enche o saco Antonio.      - Pensei que tu poderia ter mudado de ideia. Só isso.      Antonio parou para pensar no ano de 2006, o seu ano sabático, quando acompanhou TODOS os shows do Rolling Stones pelo mundo. A aventura começou numa viagem de negócios, estava no lugar certo na hora certa. Por coisas inexplicáveis da vida estava em Toronto no dia 10 de agosto de 2005. Não tinha nada para fazer, pois já tinha participado de todas as reuniões chatas de trabalho e como iria voltar para o Brasil no dia 12, naquela noite foi at

Os Sonhadores e algumas revelações

     Uma especial amiga me recomendou um filme, aliás, me emprestou até o DVD, Os Sonhadores. De início gostei do título e o levei para assistir. Ontem, sozinho, enquanto a sopa cozinhava me sentei na sala para assistir o filme. Aí fui surpreendido com uma obra de arte em todos os sentidos.      Quem tiver interesse em saber mais sobre o filme, coloco um link do Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Sonhadores .      Mas quero escrever sobre os sentimentos que surgiram em mim vendo o filme. Aliás, quando um filme ou qualquer outra expressão de arte nos faz pensar, estamos diante de algo perene e que deixa de ser um produto descartável. Infelizmente temos cada vez mais filmes ou outras formas de arte descartáveis, o que não é o caso de Os Sonhadores.      Como escrevi acima, eu estava sozinho em casa, o dia lá fora era de um nublado profundo, não existia cidade em volta do meu apartamento, me sentia numa ilha em minha própria casa, a cerração estava tão forte que somente se via

Amizade Vira-lata

     Hoje indo para o trabalho vi uma cena comum às cidades grandes, mas que mexeu comigo.      Vinha um papeleiro puxando seu carrinho repleto de papelão e outros objetos. Mas o que me chamou a atenção era um grupo de cachorros que o acompanhava. Tenho certeza que aquele homem não tinha nada a oferecer à matilha, a não ser amor e companheirismo.      Aqueles cachorros são o retrato do que nós desejamos para nossas vidas. Amigos fiéis, amigos que nos acompanhem aconteça o que acontecer, mesmo que não tenhamos muito coisa a oferecer. Eu tenho certeza que conquistei alguns amigos vira-latas. Não são muitos, para dizer a verdade são dois, vivem em cidades diferentes da minha, mas somos como uma matilha. Claro que no decorrer da vida tive amigos fiéis, mas que por contingências da vida se afastaram, tomaram rumos diferentes, mas também podem ser considerados amigos.      No mundo de hoje é cada vez mais difícil conquistarmos amigos deste naipe. Por quê?  Não sei, mas tenho a impressão q

Os Pedreiros e nós

     Pedreiro. Este é nome dos usuários de crack. Mas poderiam ser chamados de Zumbis.  São facilmente identificáveis quando estão sob o efeito deste veneno chamado crack.      Estamos cercados por estas pessoas que sobrevivem em outra dimensão. É muito fácil criticar estas pessoas. Alguns as chamam de lixo social. Eu não as classifico de lixo, mas não tenho nenhuma esperança de alguma recuperação. É só olhar nos olhos destes usuários e ter a certeza de que não estão mais aqui. Só estão à espera da morte. É difícil dizer e reconhecer este fato, mas acho que é realidade.      Este é um dos maiores problemas sociais da atualidade. E não estamos sabendo lidar com ele. Fechamos os olhos para esta situação calamitosa, escondemos estas pessoas e a vida vai seguindo o seu rumo. Mas acontece que este mundo escondido está cada vez mais se fazendo presente em nossas vidas diárias.      O que nós fazemos? O que os governos fazem?      O Governo Federal no final de 2009 lançou uma grande campa

Service Pack 1

     Começou o service pack do computador do Eduardo. Ele ficou pensando enquanto o sistema operacional era atualizado. Há muito tempo que queria fazer uma avaliação da sua vida. Estava com trinta e três anos, tinha um emprego fixo, não era casado, mas estava enrolado com uma namorada fazia 12 anos. Eliane falava constantemente em casamento. Eduardo se esquivava.      A atualização do sistema estava em 5%.      Eduardo pensou em como era sua vida quando tinha apenas quatorze anos, queria mudar o mundo, tinha sonhos de poder influenciar no seu destino e de seus pares. Mas a vida deu algumas voltas e os sonhos se esvaíram. Como deixou chegar a este ponto...      A atualização já totalizava 11%.      Lembrou quando conheceu Eliane, linda e já naquela época falava em casamento. Mas o começo do relacionamento era uma folha em branco sem nenhum desenho, agora o desenho formado era um grande e árido deserto. Há uns três anos pensava em terminar o namoro, mas não sabia lidar com esta idéia

Amor livre, amor eterno

     As tragédias humanas mexem com nossos sentimentos. Nos vemos obrigados a fazer uma análise, ainda que rápida, de nossas vidas. Às vezes nos colocamos no lugar de quem passa por momentos cruciais. Hoje ouvi pelo rádio que um homem manteve a ex-mulher em cárcere privado por 18 horas e ao final a matou e se suicidou logo após.      Não quero escrever sobre este triste fato, mas sim sobre o que leva alguém a esta atitude limite. Quais são as circunstâncias que antecedem a tomada de uma decisão tão radical? Por que deixamos as coisas chegarem a tal ponto?      Todos nós temos decepções na vida, sejam elas amorosas, profissionais ou  de qualquer outra natureza. Aprendemos a lidar com as decepções,  este é o normal da vida. Quem não adquire esta percepção, se desliga dos controles sociais e pode cometer facilmente estes atos tresloucados. Por que alguns sucumbem a estas  decepções da vida? Não me imagino tirando a vida de alguém simplesmente porque fui abandonado, mas por incrível que

Templos Modernos

    Voltaire certa vez afirmou que se Deus não existisse deveria ser inventado; já o militante russo Mikhail Bakunin escreveu que se Deus existisse deveria ser abolido, pois a sua existência retira do ser humano o livre-arbítrio.      Será que seria possível vivermos sem a figura de um Deus no nosso imaginário? Ou então sem os rituais que envolvem a religião?      O ser humano desde os primórdios da sua existência se apega a alguma forma de misticismo. Na idade da pedra eram as pinturas em cavernas numa espécie de adoração a um Deus ou ao inexplicável. Em todos os tempos da história este fato se repete, seja na história antiga, na idade média ou nos tempos atuais. Em alguns momentos da história este apego à religiosidade parece ser mais intenso. Às vezes fico me perguntando o porquê deste fato? Por que as pessoas se apegam a uma crença? E por que em alguns momentos da história da humanidade parece ser mais intensa esta fé?      Me parece claro que quanto maior a crise econômica ou a

Segredo de Estado

     No Brasil de acordo com a legislação atual, documentos públicos classificados como ultrassecretos ficam em sigilo por até 30 anos, sendo que este prazo pode ser renovado indefinidamente. A renovação vem sendo praticada constantemente, acarretando, na prática, um sigilo de duração indefinida. Entretanto, existe um projeto apresentado em 2010 e atualmente em tramitação no Senado, mais especificamente na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional que regulamenta  o acesso a informações, com previsão no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal  que, se aprovado, estabelecerá o prazo máximo de sigilo para qualquer documento público de vinte e cinco anos, sendo permitida uma única renovação.      Eu não consigo conceber a idéia de um Estado Democrático mantendo em sigilo documentos produzidos por este mesmo Estado. Afinal, este ente estatal está apenas representando uma população, em última análise é a população no

Carla Andréa e seu encontro com Jesus

      Carla Andréa andava desgostosa com a vida que levava. Nada dava certo. A vida profissional era um marasmo sem tamanho. Não tinha nenhuma perspectiva de crescimento profissional.      No amor então nem se fala. Estava sem ninguém fazia quase cinco anos. Nem uns pegas ela dava. E o pior é que Carla Andréa era uma mulher bonita e inteligente. Inclusive estes tempos recebeu convites para trabalhar numa famosa casa noturna da cidade, claro que não aceitou. Ela tinha uma sólida formação religiosa que não lhe permitia tal atividade. Carla Andréa não era santa, também não era carola, mas tinha princípios.      Nada na sua vida andava nos trilhos e já fazia um certo tempo. Já tentara de tudo para mudar a sua vida. Por exemplo, tinha ido em um centro de umbanda, ofertou até uns galos em algumas encruzilhadas. Mas o único resultado prático foi a conta ficar no negativo por alguns dias, pois os galos eram caros. Uma amiga disse que conhecia uma cartomante que era tiro e queda, a propaganda

DSK, o homem "respeitável"

     Imaginem um homem poderoso. Um homem influente. Um homem "respeitável". Este homem entra num avião, se dirige à primeira classe, lugar onde sempre se acomoda quando viaja de avião. Afinal, é o todo poderoso, não existe outro lugar para este homem a não ser a primeira classe de uma aeronave. Pelo menos até então.      Mas antes de se deslocar até este avião, o "respeitável" senhor abusou de uma camareira do hotel de luxo onde estava hospedado. Muitos ao imaginar esta situação têm a certeza de que nada iria acontecer a este senhor poderoso, temos certeza de que ele iria para o seu destino e aquela camareira conviveria com esta chaga, ser abusada por um homem poderoso e nada poder fazer porquanto ninguém acreditaria nela. Mas não foi o que aconteceu nestes últimos dias nos Estados Unidos.      Muitos de nós criticamos os Estados Unidos. Na adolescência tínhamos como objeto da nossa ira este país imperialista. Afinal, éramos e ainda somos a parte do mundo explorada

O último encontro de Rachelle e Carlos Eduardo

Para entender esta história, é bom ler antes o post Carlos Eduardo, o outsider, publicado no dia 02 de Junho             Andava sem destino, sem saber por onde ir,  apenas andava para tentar esquecer o quanto sofria por amor. O amor, pensava Rachelle, era para ser o ápice de uma vida, mas para ela era simplesmente o seu ocaso.      Mas por que teria que ser assim? Rachelle jamais amara alguém. Vivera sua vida a distribuir prazer para todos que a procuravam. Não fazia distinção entre homens e mulheres, sua profissão era dar prazer sem perguntar nome, idade ou profissão. Sem qualquer envolvimento sentimental.      Com Carlos Eduardo foi diferente, ele nunca quis uma noite de amor, nunca propôs nada a não ser conversar sobre a vida, sobre o futuro ou sobre o passado. Muitas vezes riram juntos, algumas vezes choraram juntos, mas nunca seus corpos se encontraram. Às vezes Rachelle passava em frente a casa de Carlos Eduardo, já o viu com sua família, ele tinha dois filhos lindos, uma mulh