Pular para o conteúdo principal

Amor livre, amor eterno

     As tragédias humanas mexem com nossos sentimentos. Nos vemos obrigados a fazer uma análise, ainda que rápida, de nossas vidas. Às vezes nos colocamos no lugar de quem passa por momentos cruciais. Hoje ouvi pelo rádio que um homem manteve a ex-mulher em cárcere privado por 18 horas e ao final a matou e se suicidou logo após.
     Não quero escrever sobre este triste fato, mas sim sobre o que leva alguém a esta atitude limite. Quais são as circunstâncias que antecedem a tomada de uma decisão tão radical? Por que deixamos as coisas chegarem a tal ponto?
     Todos nós temos decepções na vida, sejam elas amorosas, profissionais ou  de qualquer outra natureza. Aprendemos a lidar com as decepções,  este é o normal da vida. Quem não adquire esta percepção, se desliga dos controles sociais e pode cometer facilmente estes atos tresloucados. Por que alguns sucumbem a estas  decepções da vida? Não me imagino tirando a vida de alguém simplesmente porque fui abandonado, mas por incrível que pareça eu compreendo quem mata nestas circunstâncias. Talvez compreender não seja a melhor definição. Friso que esta compreensão não quer dizer uma aceitação, ainda que tácita, mas somente que me coloco no lugar de quem toma esta atitude extrema. Quem pode afirmar com certeza de que nunca faria uma ação desta magnitude, vivendo as mesmas circunstâncias de vida?
     Muitos dizem que quem ama não mata, mas esta frase é repetida sem qualquer tipo de reflexão, o que diga-se de passagem é uma tônica dos tempos modernos, a repetição sem nenhum tipo de reflexão. Realmente ninguém mata por amor, mas sim pela perda deste amor.
     O amor é o sentimento mais sublime, não existe nada mais forte e belo do que o amor. Portanto, seria inconcebível este sentimento nobre gerar a morte. Mas aí que reside o nó górdio desta questão. E este fato mexe muito comigo. Algumas vezes senti o verdadeiro amor e por vezes os perdi, mas nunca me imaginei tirando a vida de quem era o objeto deste amor. Nunca tive sentimentos de posse sobre a pessoa amada, acho que neste ponto está a explicação. O ato de desespero é o da perda de algo e não tem relação com o amor. O verdadeiro amor não cede espaço à posse. O amor verdadeiro permite a liberdade, permite que aceitemos que o(a) companheiro(a) seja feliz mesmo longe de nós. Em muitos momentos é perceptível que a outra pessoa só pode ser feliz separada da gente. O verdadeiro amor permite e até estimula esta separação. Mas pessoas que não tem esta percepção de felicidade de outrem é quem comete ações impensadas, chegando ao extremo de retirar a vida do seu pseudo amor.
     Hoje reafirmei a convicção de que amar não é somente amar, mas é compreender que temos que olhar a pessoa amada com olhos de compreensão e entender que não somos donos de ninguém. Somente temos a obrigação de fazer a pessoa amada feliz e isso por si só manterá o relacionamento pelo tempo que houver esta felicidade... é tão simples, mas ao mesmo tempo tão complicado; o amor é isso e somente isso.

Trilha Sonora
Dance - The Rolling Stones - Emotional Rescue
Summer Romance - The Rolling Stones - Emotional Rescue
Send It To Me - The Rolling Stones - Emotional Rescue
Let Me Go - The Rolling Stones - Emotional Rescue
Indian Girl - The Rolling Stones - Emotional Rescue
Where The Boys Go - The Rolling Stones - Emotional Rescue
Down In The Hole - The Rolling Stones - Emotional Rescue
Emotional Rescue - The Rolling Stones - Emotional Rescue
She's So Cold - The Rolling Stones - Emotional Rescue
All About You - The Rolling Stones - Emotional Rescue

Comentários

Postar um comentário

Interaja com Ledventure...

Postagens mais visitadas deste blog

A casa não vai cair...

     Um amigo, aliás, um ótimo amigo escreveu algo que me fez pensar: "... enquanto nos perdemos nos detalhes, contando, classificando... a vida passa e a casa vai caindo, pouco a pouco."      Este amigo em poucas palavras me mostrou o que somos, ou melhor, no que nos transformamos.      Parece que deixamos de lado o quadro para prestarmos atenção na moldura, sabemos tudo sobre este detalhe, o ano da fabricação da madeira, o tipo e forma do corte, esquecemos de olhar o quadro em si. Fechamos os olhos para a pintura...      No início o não entendi, pois o simples nos é tão difícil de entender, sempre estamos  querendo transformar esta simplicidade em algo complexo. Mas esta simplicidade quando nos é revelada nos abre olhos, enxergamos além da moldura, passamos a ver o conteúdo do quadro; nos surpreendemos com o que surge aos nossos incrédulos olhos.      Parece que somos criados para somente fazermos part...

Uma história do ponto e da vírgula.

     Ia escrever sobre o cotidiano. Mas não me deu vontade. Então me lembrei de uma pequena altercação entre o ponto e a vírgula. O fato ocorrido que presenciei foi mais ou menos assim...      O ponto sempre foi determinado, sempre certo  do que queria, nunca deu espaço para qualquer tipo de dúvida e constantemente reclamava da vírgula. Dizia que ela era um poço de incertezas, sempre acompanhada de um entretanto, talvez, quem sabe. Isso o ponto não suportava. O ponto estava a pronto para encetar algum ataque. Mas o sempre era demovido pelo ponto de exclamação, este sim o mais respeitado entre os sinais de pontuação.      A vírgula de seu lado sempre reclamava deste ar superior do ponto, sempre encerrando os assuntos, não dando margem para nenhuma discussão. Lá longe a reticências nem dava bola tinha uma vaga idéia de que aquela "desinteligência" iria virar amor.    Não é que um dia num texto mal pontuado, como este, o ...

Modernidade, botas e amor...

     Este mundo da modernidade é muito frugaz, tudo muda de uma hora para outra. O que hoje é a maior representação da tecnologia, amanhã é totalmente obsoleto. Hoje vivemos o tempo da mudança constante, até mesmo para que haja movimentação econômica, consumo e mais consumo.      O ser humano viveu milhares de anos evoluindo gradativamente, se adaptando ao meio para sobreviver as vicissitudes da vida. Hoje em dia nós seres humanos alteramos o que nos cerca para que este se molde as nossas necessidades. Construímos enormes hidrelétricas alagando milhares de hectares. Para quê? Para  produzir mais energia e satisfazer nossas pequenas necessidades. Criamos cidades dentro de mares para que? Para simplesmente ostentarmos, ou seja, para mostrarmos para os mais desvalidos que existe uma classe social que pode tudo. Erguemos centrais atômicas na zona mais perigosa do mundo e ficamos surpresos quando acontece uma catástrofe anunciada.      Qu...