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Mídias de todos os dias

     Um dia ouvi a seguinte frase: jornalista separa o joio do trigo e fica com o joio.
     Esta frase volta e meia surge dentro de mim como se fora um mantra. Uma espécie de aviso.
     É só sentar em frente à televisão e assistir qualquer telejornal para esta frase se encaixar com perfeição àquele show de horrores.
     Experimente deixar a televisão sem volume e observar as imagens que são passadas nos telejornais. Parece um filme de guerra. Sangue, cápsulas de balas, pessoas chorando, caixões, mais choros e por aí vai. Não vemos imagens, digamos assim, tenras, somente barra pesada. Será que nossas vidas se resumem naquelas imagens, será que vivemos dentro de um filme de terror como é retratado em todos os telejornais. Penso que não, não é possível que seja este o retrato de nossas vidas. Claro que não estamos cercado por um mar de rosas. Mas também não é aquele horror diário, sentimos alegrias, temos sensações boas a serem relatadas e compartilhadas com a sociedade.
     Deve haver alguma razão para o que vemos nas telas. Tem que haver algum sentido no que nos é repassado todos os dias. Não sou ingênuo e você tão pouco é. Tudo deve de ser minuciosamente pensado. Mas ainda assim sinto que falta algo nesta explicação. A quem serve um noticiário tão deprimente, tão baixo astral. Claro que são notícias, claro que devem ser vinculadas. Mas me pergunto, somente notícias numa direção? Não há notícia que não seja morte, crimes, acidentes, enfim, só vivemos cercados por este tipo de acontecimento. Claro que não. A nossa volta a vida pulsa de outras formas, existe um mundo bom a ser noticiado, basta olharmos com atenção. Agora a moda são os ataques do crime organizado em São Paulo. Sempre tem a notícia do momento e sempre é algo na mesma direção. Mortes, crimes, mais mortes e mais crimes.
     Não propugno um noticiário "chapa branca" ou então mentiroso, mas sim um noticiário que privilegie ou então que pelo menos dê atenção às coisas boas da vida diária. Alguns dirão que não dará audiência, outros dirão que o povão quer ver sangue. Eu digo, é possível fazer diferente, basta começarem. Sem desculpas, sem meios termos. Será que as pessoas querem ver mesmo notícias baixo astral ou será que o povão vê o que lhes é imposto pela mídia. A resposta é clara, pelo menos assim me parece.
     Um outro exemplo do jornalismo rasteiro e sem sentido é o que estão fazendo com o Belchior. O cantor na sua vida privada está passando por um momento dele e somente dele, quer ficar em paz. E seguiu seu caminho, dizem que deixou um conta em aberto num hotel em Artigas, Uruguai. Pergunto, a quem interessa esta dívida deixada em tal hotel além dos administradores do estabelecimento e o Belchior? Pode uma rede nacional e outra rede regional ficarem no encalço do cantor para expô-lo nacionalmente. Veja as notícias a que me refiro: Belchior no Fantástico da Rede Globo e Belchior e Zero Hora. Isto me cheira muito mal. Se fosse eu jornalista ficaria com vergonha da minha categoria. Digo e repito, esta passagem da vida PRIVADA do cantor Belchior não interessa a ninguém além dele. Não me venham com aquela máxima que ele é pessoa pública e tem que arcar com as consequências desta vida pública. Não mesmo. Naquele momento o Belchior é Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes e todos nós temos que respeitá-lo. Mesmo que a população ficasse exigindo que a mídia expusesse a vida do Belchior, esta não deveria fazê-lo. Temos que primar pela ética, pelo respeito às individualidades, temos que lutar por uma sociedade melhor. Este também é o papel dos meios de comunicação e não somente o lucro pelo lucro.

Trilha Sonora:
Hoje escrevi ouvindo a LedVenture rádio. O link está aí ao lado, isso mesmo na sua direita. Acesse e escute. Têm músicas bem legais, pelo menos assim acho eu...
     

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