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Chacina diária e silenciosa

     Viajar de carro pelo Rio Grande é testemunhar uma chacina. A cada curva ou reta encontramos um animal morto ou agonizando em meio as rodovias. É cada vez maior o número de animais mortos nas nossas rodovias. Nas minhas férias cruzei o Rio Grande de norte a sul. Perdi as contas dos animais atropelados pelos quais cruzei. Outra coisa que me chamou a atenção foi que ao cruzar a fronteira com o Uruguai não encontrei nenhum animal morto na estrada. Nestes anos que vou para o Uruguai não me lembro de encontrar algum animal morto nas estradas. Pode ser apenas uma impressão minha, mas o fato é este. No Brasil muitos animais mortos, no Uruguai nenhum. Não sei o porquê. Mas o fato é este.
     A cada animal morto sinto uma dor inexplicável. Eu mesmo desviei de um deles, evitei o atropelamento daquele animal. Mas muitos não têm esta sorte, muitos agonizam no meio da estrada.
     Não sei qual a solução para este morticínio, mas me parece que devemos diminuir a velocidade nas estradas. É óbvio que andando em uma velocidade menor o nosso tempo de reação é maior e por consequência conseguiremos desviar dos animais. Eles não têm a consciência que ali é uma estrada, nós temos esta percepção. Testemunhamos diariamente estas mortes. Pouco ou nada fazemos. É hora de dar um basta. O Estado (aqui me refiro aos entes administrativos, independente da esfera de atuação) deveria fazer campanhas para evitar estes atropelamentos. São vidas que merecem nosso respeito. Somos responsáveis por estas vidas. Infelizmente estamos nos tornando os carrascos responsáveis por mortes cada vez mais numerosas.
     Estes dias subindo a serra testemunhei uma situação que me revelou uma outra faceta do ser humano. Desconhecida deste blogueiro neófito. A estrada estava vazia. Ao longe vi um animal atropelado na estrada. A caminhonete que estava na pista da direita, trocou de pista somente para passar por cima do animal morto. Confesso que aquele ato me chocou, acho que qualquer pessoa com um mínimo de sentimento se chocaria. Eu parei o carro, desci e fiquei um tempo parado. Não sabia muito o que fazer. Mas retirei o corpo do animal da estrada. Foi a única coisa que me restou fazer. Ao retirar aquele corpo inerte da estrada pensava na tal caminhonete e os seus ocupantes. Tive a impressão que eles ao assistirem o noticiário a respeito das mortes de indigentes devem afirmar que é bem feito ou então apóiam a limpeza étnica perpetrada por esquadrões de justiceiros tupiniquins. Quem pratica uma desumanidade contra um animal, mesmo que ele esteja morto, pode fazer o mesmo contra um semelhante seu. Disso não tenho dúvidas. Confesso que a partir da chegada do Che Guevara (um lindo maltês que adentrou em minha vida) fiquei mais intolerante com as maldades humanas contra os bichos.
     Sinto vergonha de pertencer ao grupo humano que pratica atos tão horrorosos. Mas esta vergonha não pode parar por aí, temos que evitar estas mortes, temos que achar soluções para este drama diário. Sei que não iremos acabar com todas elas, mas temos obrigação de minimizá-las. E não me venham com aquela velha e surrada frase: "com tanta coisa mais importante para se preocupar e o cara preocupado com os bichinhos". Poupem-me. Eu comecei a fazer a minha parte, diminui a velocidade nas estradas pelas quais ando. Pode ser pouco, mas é um começo. É o meu começo. E o seu?

Trilha Sonora:
Com este tema não consegui ouvir nenhuma música...

Comentários

  1. Quanto mais conheço a humanidade, mais amo e admiro meu cãozinho. Lis

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