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Mostrando postagens de outubro, 2012

Sorria, você é linda, mesmo que a TV não diga

     Andando por aí estes dias encontrei uma frase escrita em uma parede qualquer "Sorria, você é linda, mesmo que a TV não diga". Uma frase com uma mensagem diferente daquelas pichações sem sentido espalhadas em nossas cidades.      A pessoa que tatuou naquele prédio a frase título deste post tinha a intenção de falar com todos e todas que não são valorizados nestes tempos de beleza fabricada. Ao ler aquela frase fiquei imaginando o momento que ela estava sendo tatuada, o sorriso da pessoa, o observar a "obra" e acima de tudo o passar de outras pessoas lendo e interpretando das mais diversas formas.      Em outros pontos são escritas frases de entusiasmo para os passantes diários. É interessante quem se dispões a escrever frases ou praticar intervenções nas cidades com o intuito de ajudar a tornar o dia menos árido. Danilo Verpa/Folhapress      São muitas as formas de intervenção. Lembro de um grupo que transformou uma faixa de segurança em um grande códig

Ciclo da vida invertido

     Hoje cumpri uma promessa. Uma das que fiz este ano.      Acompanhei uma amiga até o local onde seu filho descansa. Um jovem que se foi em mais um ato de violência diária. Vivenciei a dor de uma mãe. Conversamos sobre as perdas da vida, sobre os porquês destas perdas, conversamos sobre a maior das perdas. Eu, um cara de 40 anos, conversando com uma mãe em frente ao túmulo do seu filho numa tarde de domingo. Ali, percebi como são pequenos os nossos dramas face a maior das perdas. Ali, abraçado a uma mãe entendi que esta vida não apresenta nenhum sentido. Tentei reconfortá-la, mas não encontrei palavras. A abracei e choramos juntos. Não havia o que ser dito, nada poderia ser dito, qualquer palavra não iria cumprir função alguma. Somente me coloquei ao lado daquela mãe para escutá-la para que ela expiasse sua dor e compartilhasse por alguns momentos o seu sofrimento.      Nenhuma palavra, apenas choramos e vivenciamos aquela tristeza.      Naquele cemitério refleti sobre nossos

Programas Políticos

     Eu quero viver no país retratado nos programas políticos.      Lá não falta nada, muito antes pelo contrário, sobra assistência médica, a segurança pública é plena, o lixo não se acumula nas esquinas, não existe miséria, é um mundo do pleno emprego. O esgoto é 100% tratado, a corrupção é coisa de um passado distante. O sistema de transporte público é a sexta maravilha do mundo, por um preço em conta. A cultura é disseminada em todos os cantos, para todos os gostos.      Os aposentados são tratados com dignidade, polpudas aposentadorias são pagas, proporcionando que viajem pelo país e até para outros países. Os presídios são locais habitáveis, lá os presos se recuperam e voltam melhores para o convívio em sociedade.       O país dos programas políticos a carga tributária é ínfima, aliás, acho que nem existe, pois nunca ouvi qualquer menção de algum tipo de imposto no país dos programas políticos.      Que país maravilhoso! As cidades são paraísos terrenos. Tudo funciona a conte

Apenas uma caminhada sem destino

     Hoje simplesmente fiz uma das coisas que mais gosto. Sai para caminhar sem rumo. Adoro sair para caminhar sem destino certo, deixando que o caminho me levasse. Tomei banho de chuva, empurrei um carro estragado, cruzei com um caminhão entalado num viaduto, conversei com pessoas para tentar me localizar, entrei um ruas sem saída, vielas, avenidas, enfim, um caminho novo a cada passo. Nestas caminhadas sem destino faço uma espécie de faxina mental. Parece que uma espécie de programa desfragmentador ou então algum limpador de arquivos inúteis escaneia minha mente e por consequência meu corpo. Volto uma nova pessoa, renovado e pronto para seguir a vida de todos os dias.      Quando faço estas caminhadas prefiro ir por lugares não frequentados por mim diariamente. Procuro ter contato com lugares que não são incluídos dos cartões postais, busco a vida como ela é e não aquela que tenho. Vivo uma vida confortável e tenho consciência que não é o padrão médio do brasileiro. Por isso busco l

Mudanças

     Interessante como as coisas mudam ao nosso redor.      De um dia para o outro tudo muda. Como é possível ser assim e sempre ser assim. E o pior é que nos acostumamos com estas mudanças. Mudanças de toda ordem. Mudanças de vida, de amores, de emprego, de humores, enfim, tudo absolutamente tudo muda. Às vezes são avassaladoras, outras nem tanto. Mas são mudanças.      Conheço quem se assusta por qualquer mudança, até a mudança do horário de verão já é motivo para algum tipo de receio. "Será que vou demorar a me adaptar a este novo horário." Ano após ano repetem a mesma pergunta.     Por outro lado, há pessoas que não vivem sem algum tipo de mudança. Se elas não ocorrem de tempos em tempos já é motivo para alguma insatisfação. "Que saco, nada muda na minha vida."      Estes tipos de pessoas reagem de formas diversas diante das mudanças da vida. Eu, como sempre sou um meio termo, me assusto e, ao mesmo tempo, gosto das mudanças. Por trinta e um anos vivi no mes

Literatura 4 - Os Últimos Soldados da Guerra Fria

     Escrever sobre qualquer assunto, sem tema determinado, é uma coisa. Mas ter um tema e ter que desenvolvê-lo é uma tarefa que exige mais de quem se propõe executá-la. Eu me coloco nesta estrada neste momento. Por quê, nem eu sei, mas é o que vou fazer neste post. Aliás, já fiz alguns post nesta direção.      Escreverei hoje sobre um livro que acabo de ler. Depois de passar alguns meses sem ler (o que me dava uma angústia), voltei a este hábito que carrego por toda uma vida. Então a seguir farei um breve resenha, mais uma vez afirmo que não sei o sentido de fazer tal resenha. Talvez seja para passar o tempo, talvez para continuar pulsando a vida nestas veias, talvez para somente compartilhar uma literatura. Muitos talvez... pouca ou nenhuma certeza.        Livro: Os Últimos Soldados da Guerra Fria      Autor: Fernando Morais      Editora: Companhia das Letras        Facilmente este livro poderia ser o embrião de algum filme estrelado por um destes galãs do momento. Mas

Décollage II

     Naquela mesa só restavam duas taças de vinho. Um casal se olha e cada um repensam sua histórias. Nenhuma palavra é dita entre eles. A banda continua tocando única a música que haviam ensaiado,  Décollage...       Os dois apenas se olham, um mundo os separa, sonhos perdidos pelo caminho. Caminhos perdidos entre. Nada entre eles se completa ou se completou, a vida continua sem sentido e eles apenas se olham. As taças continuam pela metade. A banda ainda toca a mesma música. Acordes desencadeando uma linda linha melódica que termina abruptamente. No mesmo compasso.       As luzes piscam intensamente criando sombras disformes. O casal apenas pensa e nenhuma palavra é dita. Carlos Eduardo tenta se levantar. Maria Clara pergunta:      - Antes de ir, tu poderia me dizer o porquê de tudo que vivemos?      - Sinceramente. Não sei. Acho que faz parte do aprendizado de todos os dias. Mas, sinceramente, não sei.      - Em algum momento nos perdemos neste jogo.      - Desculpe. Nunca foi

Poemar-se!

     Poemar-se. Esta é a vontade de todos os dias.      Poemar-se todo nosso sentir. Este é o desejo de agora.      É difícil entender.      É mais fácil sentir este poemar.      Poemar é jogar-se à vida sem qualquer proteção...      Poemar é não se iludir com o cotidiano, é não entregar-se a este cotidiano... Estou poemando com a vida.      Poemeio e "poeinteiro"... Não é apenas um jogo de palavras, são as palabras em jogo.      Poemar-se para viver.      Poemar-se é uma forma de encarar os dias, após a passagem dos dias. Deixando de lado o que deva ser apartado dos dias. Deixando de lado a dureza das pessoas, as caras fechadas, as falas sem sentido, deixando de lado a dureza dos dias após os dias. Não são apenas os dias que ficam, são as passagens do tempo que acrescentam no tempo os dias que se vão.      Poemar-se para simplesmente sentir o pulsar e não apenas deixar o tempo passar.      O tempo não pode simplesmente passar, deve e precisa poemar-se. Trilha Son

Faz tempo...

     Faz algum tempo que não escrevo. Existem muitas razões para este "silêncio da escrita". A principal é o aumento exponencial de atividades relacionadas ao meu trabalho, mas não era só isso. Talvez este blogueiro neófito e, por consequência, o blog estejam passando por uma fase de reavaliações. Cruzei por alguns caminhos que não foram os melhores. Cruzei com pessoas que me ensinaram o que e como não fazer. Percebi que tenho muito o que aprender. Estou em constante aprendizado, isso é muito bom. Estou vivo. É bom viver, embora às vezes não seja tão fácil. A vida segue os seus trâmites, como um processo, como uma linha de montagem de uma fábrica qualquer ou como as engrenagens de uma grande máquina. Às vezes estas engrenagens nos mutilam, retiram nossa capacidade de entendimento. Em outros momentos driblamos esta máquina moedora de mentes e pessoas. Tudo que passamos nos fortalece em nossas escolhas. O melhor de tudo é percebermos que as escolhas que fizemos são as mais ac