Hoje voltando para casa, depois de mais um dia de trabalho, passei pelos mesmos lugares, muros e ruas. Mas algo me chamou a atenção. Um muro não estava como ontem. Mãos trêmulas picharam em letras vermelhas uma simples palavra. Desglobalize-se. Aquele muro pichado me causou uma profunda euforia. A verbalização de um sentimento a muito experimentado por mim surgiu naquele muro pichado.
Desde a transformação em fenômeno pop, a globalização vem mostrando os seus nefastos efeitos. Cada vez mais somos transformados em seres uniformes. Os produtos que nos são apresentados seja na moda, nas artes plásticas, na arquitetura, na música, na literatura, enfim, quase tudo tem um mesmo padrão. Somos "presenteados" por esta fórmula mágica da massificação e homogeneização. A redução dos custos é, pelo menos assim percebo, o mantra repetido pelos mentores desta globalização. O lucro fácil, barato e com menos risco é o que move a globalização. Muito embora sempre aprendi que uma das marcas do capitalismo é o risco. Mas a globalização chegou para minimizar os riscos e maximizar os lucros.
Ao ler aquela palavra pichada num muro qualquer, finalmente percebi o norte a ser buscado. É simples, mas requer um nadar contra a correnteza. Desglobalize-se foi um recado direto para mim. Foi o significado de um sentimento a muito experimentado. Um desconforto diário com tudo que me cerca. Não consigo mais perceber a diversidade que tanto deveria marcar o ser humano. Somos cada vez mais iguais. Somos a cada dia mais parecido com um morador de qualquer outro país, por mais distante que venha a ser. Não importa o quão distante seja, não importa a sua cultura milenar, nada mais importa, pois vestimos as mesmas roupas, ouvimos as mesmas músicas, lemos os mesmos livros e comemos as mesmas comidas. Afinal, somos produtos desta nefasta globalização.
Não quero dizer, muito menos insinuar que devemos nos fechar a tudo e refratários a qualquer influência externa. Nada disso, mas devemos também valorizar nossas vivências, nossa cultura, nossa forma de encarar o mundo e não simplesmente reproduzir experiências alheias. Ao ler aquela pichação percebi que podemos e devemos ser nós mesmos. A cultura de massa está nos sufocando, a globalização é o instrumento usado pelos mesmos de sempre para fazer o trabalho, digamos assim, sujo. Não é uma prática nova, antigamente poderia ter outro nome, como por exemplo o mercantilismo ou qualquer outra doutrina econômica experimentada na história. Mas a desglobalização é a nossa resposta.
Desglobalize-se é um grito de socorro, um brado contra tudo isso que nos impõem. Não quero mais fazer parte deste grupo homogêneo, quero isso sim fazer o meu caminho, que muitas vezes pode cruzar com o caminho que trilhamos agora. Mas que certamente terá desvios, nuances e será um caminho totalmente diferente, pois somos diferentes, temos nossas especificidades. Este moedor de carnes será quebrado pela desglobalização. Não é uma tarefa fácil, muitos dirão que a globalização é um caminho sem volta e lutar contra ela é inútil. E talvez seja mesmo. Mas também é verdade que não existe luta inútil, podemos não sair vencedores ou, quem sabe, estejamos fadados a perder esta luta quixotesca. Não me importo em ser o perdedor desta luta. Pelo menos serei eu mesmo, enquanto que eles, os vencedores, serão mais um na multidão uniforme. Em verdade seremos nós mesmos e não o que eles querem que sejamos.
Trilha sonora
Balada do louco - Ney Matogrosso - Vinte e Cinco Disco I
Desde a transformação em fenômeno pop, a globalização vem mostrando os seus nefastos efeitos. Cada vez mais somos transformados em seres uniformes. Os produtos que nos são apresentados seja na moda, nas artes plásticas, na arquitetura, na música, na literatura, enfim, quase tudo tem um mesmo padrão. Somos "presenteados" por esta fórmula mágica da massificação e homogeneização. A redução dos custos é, pelo menos assim percebo, o mantra repetido pelos mentores desta globalização. O lucro fácil, barato e com menos risco é o que move a globalização. Muito embora sempre aprendi que uma das marcas do capitalismo é o risco. Mas a globalização chegou para minimizar os riscos e maximizar os lucros.
Ao ler aquela palavra pichada num muro qualquer, finalmente percebi o norte a ser buscado. É simples, mas requer um nadar contra a correnteza. Desglobalize-se foi um recado direto para mim. Foi o significado de um sentimento a muito experimentado. Um desconforto diário com tudo que me cerca. Não consigo mais perceber a diversidade que tanto deveria marcar o ser humano. Somos cada vez mais iguais. Somos a cada dia mais parecido com um morador de qualquer outro país, por mais distante que venha a ser. Não importa o quão distante seja, não importa a sua cultura milenar, nada mais importa, pois vestimos as mesmas roupas, ouvimos as mesmas músicas, lemos os mesmos livros e comemos as mesmas comidas. Afinal, somos produtos desta nefasta globalização.
Não quero dizer, muito menos insinuar que devemos nos fechar a tudo e refratários a qualquer influência externa. Nada disso, mas devemos também valorizar nossas vivências, nossa cultura, nossa forma de encarar o mundo e não simplesmente reproduzir experiências alheias. Ao ler aquela pichação percebi que podemos e devemos ser nós mesmos. A cultura de massa está nos sufocando, a globalização é o instrumento usado pelos mesmos de sempre para fazer o trabalho, digamos assim, sujo. Não é uma prática nova, antigamente poderia ter outro nome, como por exemplo o mercantilismo ou qualquer outra doutrina econômica experimentada na história. Mas a desglobalização é a nossa resposta.
Desglobalize-se é um grito de socorro, um brado contra tudo isso que nos impõem. Não quero mais fazer parte deste grupo homogêneo, quero isso sim fazer o meu caminho, que muitas vezes pode cruzar com o caminho que trilhamos agora. Mas que certamente terá desvios, nuances e será um caminho totalmente diferente, pois somos diferentes, temos nossas especificidades. Este moedor de carnes será quebrado pela desglobalização. Não é uma tarefa fácil, muitos dirão que a globalização é um caminho sem volta e lutar contra ela é inútil. E talvez seja mesmo. Mas também é verdade que não existe luta inútil, podemos não sair vencedores ou, quem sabe, estejamos fadados a perder esta luta quixotesca. Não me importo em ser o perdedor desta luta. Pelo menos serei eu mesmo, enquanto que eles, os vencedores, serão mais um na multidão uniforme. Em verdade seremos nós mesmos e não o que eles querem que sejamos.
Trilha sonora
Balada do louco - Ney Matogrosso - Vinte e Cinco Disco I
Hoje só uma música, claro que tenho que pedir desculpas para a leitora eventual e fã do Soda Stereo, mas há um porquê só ouvir esta música. Tem tudo a ver com o que senti ao ler aquela palavra num muro qualquer do meu caminho de volta para casa...
Concordo totalmente. Esta massificacao de valores gera apenas angustia quando nao conseguimos ser o que nos eh apresentado como ideal. Poucos hj em dia ousam trilhar por caminhos diferentes.O mais facil eh seguir o exemplo que deu certo, o seguro, o comum .A maioria tem medo de desgarrar-se do rebanho.
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