Ao andar pelas ruas nada é como antes. Nem mesmo eu. Muito menos o que me cerca.
Tudo em volta pulsa. A vida é esta constante mudança. Por vezes não a queremos, em outros momentos desejamos loucamente que tudo mude, inclusive nós mesmos.
Ontem indo para o trabalho ao parar numa sinaleira, olhei ao largo e percebi que não conseguia mais ver o céu que há poucos dias sempre via naquele lugar. Um edifício surgiu no horizonte. E me perguntei: como não tinha notado aquela construção? Passo quase todos os dias da semana naquela rua e sempre estou com a cabeça em outro lugar, mas ontem quis ver o céu que sempre via naquele ponto da cidade e infelizmente ele não estava lá. Um edifício em construção surgiu entre mim e o céu. Este fato me fez refletir sobre o que fazemos de nossas vidas. O que deixamos passar nestes dias que vivemos.
Deixamos para o amanhã nossos sonhos, vivemos pensando no futuro, preparando o tal futuro, esquecemos do presente. Estranho este viver para o futuro. A sociedade moderna nos infligiu esta pena. Sim, é uma penalidade só pensar no futuro, deixar de viver o presente para preparar o tal futuro. Por vezes ele não chega. A vida não é previsível, mas insistimos em preparar o futuro, deixando o presente em segundo plano. Por que vivemos assim? Não tenho dúvidas que isso é muito bem pensado.
O sistema de controle social precisa que sejamos assim. Seremos mais suscetíveis a aceitar, por exemplo, péssimas condições de trabalho, salários de fome, moradias não dignas, governantes hipócritas, amores sem sentido, vida sem sentido, porque lá no futuro teremos nossa redenção. Aceitamos tudo que é inaceitável para gozar no final, para gozar no futuro. Mas às vezes o futuro não é aquele sonhado no presente, por vezes quando chegamos no "momento" de apreciar a vida, descobrimos que deveríamos ter vivido a vida e não deixado para quando o futuro chegasse. Quero apenas viver, sem esperar muito do futuro, quero que o presente seja o meu futuro, quero viver o presente como se o futuro tivesse o papel que deve ter, ou seja, ser uma simples consequência deste presente, das ações do presente e somente isso, nada mais do que isso. Não quero que o meu futuro seja o momento em que irei ser feliz, quero ser feliz agora, quero ser feliz hoje, amanhã e naquele futuro que todos nós acreditamos existir. Não posso deixar para o amanhã o que devo fazer hoje.
Ao tentar olhar um pedaço do céu, notei que não podemos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje. Todos já percebemos que estamos inseridos num mundo que nos obriga a preparar o futuro, precisamos trabalhar de sol a sol para economizarmos nossos minguados tostões, comprar uma casa, ter uma poupança para alguma emergência, enfim, temos que entrar no sistema e fazer parte desta vida escravizante. Com a promessa de que no futuro seremos agraciados com um pedaço do paraíso. Não quero este paraíso prometido para um dia qualquer lá adiante, quero o meu pedaço do paraíso hoje, não irei mais deixar para o amanhã a minha felicidade, quero o meu quinhão agora. Não gosto de verdades absolutas, esta é apenas a minha verdade e é a verdade deste momento, pode ser que amanhã já não seja mais.
Trilha sonora
Lucky Man (California Jam Festival 1974) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
City Of Delusion - Muse - Black Holes And Revelations (Japanese Release)
Roll Yer Own - Jethro Tull - Catfish Rising
Sweet Sahumerio - Soda Stereo - Dynamo
Country Road - James Taylor - Greatest Hits
Let Me Go Rock & Roll - Kiss - Led Music
Fix You - Coldplay - Left Right Left Right Left - Live
Synchronicity II - The Police - Message in a Box
Truth Hits Everybody [Live] - The Police - Message in a Box
Viento Del Arena - Gipsy Kings - Mosaique
Tanto Faz - Jota Quest - MTV Ao Vivo
Old Brown Shoe - The Beatles - Past Masters, Vol. 2
Hush - Deep Purple - Clássicos - Rock 500
Ramblin Man - Allman Brothers Band - Rock 70´s
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