Hoje como sempre faço, semana após semana, mês após mês, cheguei em casa e percebi na janela da casa ao lado um rosto. Um rosto triste, sem vida. Uma vida sem rosto. Olhos no nada a espera não sei de quê. Acionando o controle remoto da garagem, soltei o cinto de segurança e quis andar em direção daquele rosto sem expressão. Aguardando os segundos, enquanto subia o portão, continuei a olhar aqueles olhos tristes. Num flash lembrei dos dias que encontrei aquela mulher na mesma janela, apoiando os braços no mesmo parapeito, sempre protegida por grossas grades. Não sei de que aquelas grades a protegem. Talvez impeçam a entrada da vida naquele olhos. Tanta coisa passava na minha cabeça. Os carros cruzam a rua, os olhos da mulher acompanhava cada carro. Num momento nossos olhares se cruzaram. Pensei em conversar com com aquela mulher, porém era o momento de entrar na garagem. Mais uma vez deixei para depois. Ao descer até a gara...