Nos últimos dias estou muito ocupado com tudo que me cerca. Este ano, escreverei menos do que gostaria, pois minha atividade profissional exige mais atenção. Mas alguns leitores deste louco e sem sentido blog percebem a pouca produtividade do blogueiro neófito e tentam manter vida pulsando no LedVenture. Hoje ao abrir meu e-mail encontrei este texto escrito por um desconhecido amigo leitor. Publico da forma que chegou. Agradeço o texto e faço minhas as tuas palavras, José Vidal Galeano.
Quando criança adorava ver o mar revolto. Volta e meia entrava mar adentro com aquela irresponsabilidade dos jovens. Adorava encarar as ondas, o repuxo, enfrentava-os sem saber dos perigos que representavam. De dentro do mar olhava a praia, cada vez mais distante, me sentia muito poderoso. Geralmente a praia estava deserta, pois as pessoas com um pouco de bom senso não iam à praia quando o mar estava revolto. Poucos testemunhavam as minhas vitórias.
De todos os mares revoltos que encarei, um em especial me marcou. Estava vivendo um dos inacabáveis verões, tudo já tinha acontecido naquele verão. Como sempre eu era a pessoa mais feliz daquele Jardim do Éden. Sim, a praia tinha e tem este nome. Estávamos às vésperas de voltar à Capital, após uma longa temporada. Naqueles anos ficávamos quase três meses de férias. Que tempo bom. A lembrança daquele dia esquecido no passado invade meu ser. O mar avançava quase a engolir a rua. As ondas tinham uma força avassaladora. Eu de longe olhava o mar revolto. Pensava sozinho no porquê daquela revolta. O que mais me intrigava é que no dia anterior o mar estivera calmo, tão calmo que entrávamos mar adentro por muitos metros e a água batia nas canelas. Mas de um dia para o outro ele mudara completamente. E eu sentado sozinho diante daquele mar, pensava em tudo, experimentava um tsunami de sensações. Parecia estar em transe, entorpecido por alguma droga. Só pensava em entrar no mar e sentir a sua força e seguir com ele por correntezas espalhadas. Notei um pedaço de madeira flutuando e vi que ela ia em todas as direções. Me sentia como Papilon personagem do livro homônimo escrito por Henri Charrière. Pensava em entrar, pensava em sobreviver àquele mar indomável. Sem pensar em mais nada, entrei mar adentro. Testemunhado por uma chuva fina, um vento cortante. Entrei mar adentro como se estivesse fugindo não sei bem do que. Enfrentei aquele mar com uma coragem que nunca pensei que pudesse possuir. Foi a experiência mais intensa que vivera até então. Ondas por todos os lados e direções. Não sei como sai daquele mar. Não sei até hoje quem me tirou de lá, só lembro estar deitado na beira da praia e ouvir nitidamente, "respeite-me". Desde então minha relação com o mar é intensa, mas sempre antes de entrar ouço aquela palavra...
A vida é um pouco aquele mar. Sempre quando cruzo com alguma situação diferente, me arrisco como se fora aquele menino de outrora. Aquele menino até certo ponto destemido e bastante irresponsável. Mas a vida não é tão condescendente. Quando nos arriscamos mais do que deveríamos, sofremos mais do que podemos aguentar. Experimentamos as experiências mais sofridas, basicamente por nos arriscarmos. A vida é como aquele mar revolto, ao entrarmos sabemos o que nos espera, mas não sabemos se iremos sair e se sairmos não temos a mínima ideia de como estaremos. Ao mesmo tempo é impossível cruzar por alguns desafios da vida sem enfrentá-los. Encaramos como uma espécie de mar revolto. Sabemos bem que podemos não enfrentá-lo, temos o livre arbítrio de darmos as costas para aquele turbilhão de emoções e simplesmente voltar para casa. Muitas vezes não conseguimos, temos que nos arriscar, gostamos daquela sensação de perigo, temos que entrar naquele mar. Seria mais fácil deixar de lado o perigo e voltarmos para o aconchego do lar, mas não é assim que ocorre. Ainda bem. Mesmo com a sensação de que não nos daremos bem, nos arriscamos, deixamos que o porvir nos impulsione. E quando o porvir chega, muitas vezes descobrimos que não valeu o risco corrido. Em outras vezes é a maior alegria do mundo se arriscar e vivenciar as sensações mais completas. Por anos nos escondemos do mar revolto, mas quando menos esperamos ele invade nossas vidas e mexe com tudo e se escapamos descobrimos que ele foi a melhor coisa que nos aconteceu. Aprendemos, nos descobrimos fortes e, ainda por cima, percebemos que é bom demais viver um mar revolto. E queremos que cada vez o mar fique mais revolto...
Por que estou escrevendo sobre isso, não tenho a mínima ideia, mas quem ler talvez descubra o sentido deste mar revolto que enfrentamos no dia a dia de cada dia e perceba que é bom e necessário enfrentá-lo.
Trilha Sonora:
Por José Vidal Galeano
Quando criança adorava ver o mar revolto. Volta e meia entrava mar adentro com aquela irresponsabilidade dos jovens. Adorava encarar as ondas, o repuxo, enfrentava-os sem saber dos perigos que representavam. De dentro do mar olhava a praia, cada vez mais distante, me sentia muito poderoso. Geralmente a praia estava deserta, pois as pessoas com um pouco de bom senso não iam à praia quando o mar estava revolto. Poucos testemunhavam as minhas vitórias.
De todos os mares revoltos que encarei, um em especial me marcou. Estava vivendo um dos inacabáveis verões, tudo já tinha acontecido naquele verão. Como sempre eu era a pessoa mais feliz daquele Jardim do Éden. Sim, a praia tinha e tem este nome. Estávamos às vésperas de voltar à Capital, após uma longa temporada. Naqueles anos ficávamos quase três meses de férias. Que tempo bom. A lembrança daquele dia esquecido no passado invade meu ser. O mar avançava quase a engolir a rua. As ondas tinham uma força avassaladora. Eu de longe olhava o mar revolto. Pensava sozinho no porquê daquela revolta. O que mais me intrigava é que no dia anterior o mar estivera calmo, tão calmo que entrávamos mar adentro por muitos metros e a água batia nas canelas. Mas de um dia para o outro ele mudara completamente. E eu sentado sozinho diante daquele mar, pensava em tudo, experimentava um tsunami de sensações. Parecia estar em transe, entorpecido por alguma droga. Só pensava em entrar no mar e sentir a sua força e seguir com ele por correntezas espalhadas. Notei um pedaço de madeira flutuando e vi que ela ia em todas as direções. Me sentia como Papilon personagem do livro homônimo escrito por Henri Charrière. Pensava em entrar, pensava em sobreviver àquele mar indomável. Sem pensar em mais nada, entrei mar adentro. Testemunhado por uma chuva fina, um vento cortante. Entrei mar adentro como se estivesse fugindo não sei bem do que. Enfrentei aquele mar com uma coragem que nunca pensei que pudesse possuir. Foi a experiência mais intensa que vivera até então. Ondas por todos os lados e direções. Não sei como sai daquele mar. Não sei até hoje quem me tirou de lá, só lembro estar deitado na beira da praia e ouvir nitidamente, "respeite-me". Desde então minha relação com o mar é intensa, mas sempre antes de entrar ouço aquela palavra...
A vida é um pouco aquele mar. Sempre quando cruzo com alguma situação diferente, me arrisco como se fora aquele menino de outrora. Aquele menino até certo ponto destemido e bastante irresponsável. Mas a vida não é tão condescendente. Quando nos arriscamos mais do que deveríamos, sofremos mais do que podemos aguentar. Experimentamos as experiências mais sofridas, basicamente por nos arriscarmos. A vida é como aquele mar revolto, ao entrarmos sabemos o que nos espera, mas não sabemos se iremos sair e se sairmos não temos a mínima ideia de como estaremos. Ao mesmo tempo é impossível cruzar por alguns desafios da vida sem enfrentá-los. Encaramos como uma espécie de mar revolto. Sabemos bem que podemos não enfrentá-lo, temos o livre arbítrio de darmos as costas para aquele turbilhão de emoções e simplesmente voltar para casa. Muitas vezes não conseguimos, temos que nos arriscar, gostamos daquela sensação de perigo, temos que entrar naquele mar. Seria mais fácil deixar de lado o perigo e voltarmos para o aconchego do lar, mas não é assim que ocorre. Ainda bem. Mesmo com a sensação de que não nos daremos bem, nos arriscamos, deixamos que o porvir nos impulsione. E quando o porvir chega, muitas vezes descobrimos que não valeu o risco corrido. Em outras vezes é a maior alegria do mundo se arriscar e vivenciar as sensações mais completas. Por anos nos escondemos do mar revolto, mas quando menos esperamos ele invade nossas vidas e mexe com tudo e se escapamos descobrimos que ele foi a melhor coisa que nos aconteceu. Aprendemos, nos descobrimos fortes e, ainda por cima, percebemos que é bom demais viver um mar revolto. E queremos que cada vez o mar fique mais revolto...
Por que estou escrevendo sobre isso, não tenho a mínima ideia, mas quem ler talvez descubra o sentido deste mar revolto que enfrentamos no dia a dia de cada dia e perceba que é bom e necessário enfrentá-lo.
Trilha Sonora:
Rockin' in the free world - G3 (Satriani, Vai, Malmsteen) - Rockin' in the free world
Breathless - The Corrs - Best Of The Corrs
Wonderful Tonight - Eric Clapton - Greatest Hits - Vol I
A Hard day´s Night - Emmerson Nogueira - Beatles
Outside the Wall - Pink Floyd - The Wall - Disc II
Cajun Moon - J.J. Cale - Best Of J.J. Cale
We Might as Well Be Strangers - Keane - Hopes and Fears
No Matter What - Badfinger - Clássicos - Rock 500
Blitzkrieg - G3 - Yngwie Malmsteen - Rockin' in the free world
Down On Me - Big Brother & The Holding Company - Live At Winterland '68
Manfred Mann's Earth Band - Blinded - Rock 70´s
Pelo Vinho E Pelo Pão - Zé Ramalho - Perfil
Mosca na Sopa - Raul Seixas - Millenium
Nature 1 - Muse - Hullabaloo Soundtrack [Selection of b-sides] (Disc 1)
Como este texto foi enviado por um leitor do blog, a trilha sonora foi escolhida para realizar a edição e publicação do mesmo...
Estava vendo este vídeo quando recebi o e-mail de José Vidal Galeano G3 - Vai, Satriani, Malmsteen - Rockin' In The Free World vale a pena dar uma olhada é simplesmente muito bom...
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