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Mostrando postagens de novembro, 2011

Uma tarde

     Julia Nin está nos embalando com dois belos contos sobre encontros. Primeiro foi Uma noite - que você pode ler aqui  Uma noite , depois foi  Uma manhã . Agora esta interessante amiga me envia o presente conto. Não sei mais que adjetivo usar para designar Julia. Mas poderia usar, tranquilamente, ousada amiga. Gosto dela e do seu jeito. Mas a cada contribuição sinto que realmente não a conhecia. Simplesmente obrigado Julia Nin por se revelar aos nossos olhos. Falo de mim e dos parcos leitores do LedVenture. Boa leitura a todos e todas. Por Julia Nin      Renato estava sem saber o que fazer. Duas vezes, digamos assim, fora enrolado por uma desconhecida. Na noite e na manhã. Mas agora seria diferente. Entretanto, Renato tinha que trabalhar. Mas não conseguia se concentrar. E tinha que entregar a campanha da Cocodrilos , roupas masculinas e femininas. Já tinha toda campanha terminada, faltava a parte gráfica, fotos, escolher as modelos, fazer testes de luz. Enfim, a parte chata,

Literatura 1 - Dossiê Gabeira o filme que nunca foi feito

     Como este blog não tem um roteiro definido, tão pouco existe um  script  a seguir, inicio um novo capítulo no blog. Escreverei, também, sobre livros lidos por este blogueiro sem destino certo. Ao completar a leitura de um livro que estiver em minha cabeceira, postarei aqui um texto sobre a obra lida. Não é algo muito inovador, aliás, é bem comum. Mas é o que desejo fazer.      Gosto muito de ler, tento estimular a leitura (por muitos anos só dei livros de presentes aos meus amigos). Se algum leitor deste blog se interessar por um livro citado aqui, já ficarei feliz por ter criado este blog.      Bom, deixando de lado os prolegômenos (eta palavra estranha, mas que só quer dizer introdução), inicio esta nova jornada que me estimula muito no momento.      Livro: Dossiê Gabeira o filme que nunca foi feito      Autor: Geneton Moraes Neto      Editora: Globo      Dossiê Gabeira é um livro de entrevista. Esta frase inicial não dá a verdadeira dimensão deste livro. É muito mais do

Uma manhã

     Após mais uma conversa saborosa e regada com algumas doses a mais, Julia Nin me apresentou a continuação do conto Uma noite. A saga de Renato e Mariela continua. Uma história que não tenho como saber até onde irá. Para entender o conto de hoje leia antes  Uma noite . Por Julia Nin      Quando Mariela saiu do Cabaret Violet  não olhou para trás. Se olhasse presenciaria um homem sem reação. Mariela continuava a sorrir, mais uma vez brincou com um desconhecido. Será que ele  havia percebido aquele movimento rápido no bolso da camisa quando colocara o número de telefone. Só o tempo diria.     Renato voltou à mesa, esperou alguns minutos, torcia que Mariela voltasse. Infelizmente não voltou. Ao sair do Cabaret Violet  continuava sem qualquer reação. Não entendia o que tinha acontecido. Só pensava  "será que ela era louca e vidrada em desabotoar camisas mesmo. Não. Não é possível existir alguém com esta mania."      Chegou em casa ainda meio aéreo, não conseguia se

Um aprendizado

     No século passado uma amiga, ou melhor, uma amiga de vital importância na minha vida disse uma frase que naquele momento não foi apreendida. Estávamos numa trilha indo para a praia de Naufragados, eu sempre com pressa para chegar e mostrar  os lugares marcantes em minha vida. E esta amiga me olha e diz mais ou menos o seguinte:      "Tu tem que curtir o caminho e não somente pensar no lugar onde quer chegar. Aprecia o caminho."      Esta passagem da minha vida foi lá pelos anos 1990, não me lembro o ano certo, mas é naquela década. Talvez seja 1993. Lá se vão 18 anos. E volta e meia me pego não curtindo o caminho e só pensando onde ou como chegar.      Mas hoje senti o quanto aquela frase era e é importante. Sai para fazer umas trilhas de bike, não tinha um destino certo, somente queria ir por aí. Mas estava, inconscientemente, formulando os trajetos e caminhos em minha cabeça. Pensando onde e como ir. Começava a fazer exatamente como sempre fazia até então.      Ao

Matheus

     - Mãe! Quero um bicicleta.      - Mas porque tu quer uma bicicleta?      - Porque quero.      - Dudu, vamos fazer o seguinte. Me dá um bom motivo que te darei uma bicicleta.      Dudu pensa. Minha mãe é meio louca, tudo tem que ter algum motivo.      - Mãe, eu não sei porque quero uma bicicleta, mas sinto que preciso...      - Dudu, pensa e volte quando souber um bom motivo para ter a tal de bicicleta.      Dudu sai da sala meio desiludido com a vida. Tinha apenas 12 anos e já sentia o peso da desilusão. Sempre era assim, para ganhar alguma coisa tinha que encontrar  "bons motivos". Ficou parado olhando para o jardim, estava entristecido porque não tinha um motivo aparente para ganhar a bicicleta. Mas ao mesmo tempo ficou estimulado a encontrá-lo. No fundo gostava da atitude da mãe... Mas se era assim aos doze anos...      - Mãe, vou sair para pensar.      A mãe deu uma risada e disse:      - Te cuida, não vai fundir a cuca, afinal, tu só tem doze anos guri.  

Uma noite

      Julia Nin pode parecer um nome estranho. Mas é um nome, ou melhor, um pseudônimo de uma amiga muito querida. Este conto surgiu de uma conversa entre nós. Aliás, uma saborosa conversa. E para finalizar ela escreveu o final deste conto a seguir publicado. Julia tu sempre me surpreende, mesmo quando não há qualquer surpresa.  Por Julia Nin      Renato e Mariela se conheceram numa destas festas de final de ano. Nunca tinham se visto, pararam naquela festa porque eram amigos de dois funcionários. Quando, enfim, foram apresentados logo surgiu  uma certa intimidade. Poucas palavras foram ditas entre eles. Se olharam durante toda a noite. Em cantos opostos da festa, através de olhares furtivos, se conheciam melhor. Aquela festa careta estava ficando pequena para eles. Resolveram ir embora, a noite prometia. Decidiram ir ao Cabaret Violet um bar propício para casais que querem algo a mais da noite.      Ao entrarem no Cabaret decidiram pedir um vinho, Renato escolheu um M

A luta continua, companheiro!

     Ao iniciar devo esclarecer que neste texto não há nenhuma relação com política, muito menos com políticos. Não que eu desgoste de política, muito antes pelo contrário, somos seres políticos por natureza. Mas não é este o tema. Mas sim sobre um homem que muitos consideram um mito. E este mito está se revelando aos nossos olhos e é feito de carne e osso; que bom que é gente como a gente. (Foto: Ricardo Stuckert) (Foto: Ricardo Stuckert)      Me refiro ao Lula. É de conhecimento de todos, até porque ele não escondeu esta notícia, que lhe foi diagnosticado câncer na laringe. Por si só uma doença estigmatizada que nos leva a pensar que chegamos ao fim da linha e que não teremos mais volta. Depois de baixada a poeira do impacto da notícia e ao olharmos para o lado notamos que muitas pessoas se curaram desta  terrível doença. Mas ainda não é sobre isto que quero escrever. Mas sim sobre duas fotos, aliás, lindas e significativas fotos.      Ao me deparar com as imagens colocad

Dan Crown

     Otaviano está estirado no sofá, lendo aquela coluna enfadonha de todos os dias. O telefone toca sem parar. Claro que Otaviano não atende, pois tem a nítida impressão que é o seu editor. Este tocar de telefone o faz lembrar que está atrasado na entrega do seu novo livro em mais de cinco meses. O pior que só escreveu 90 míseras laudas. Mas quando tudo que está ruim, ainda pode piorar. Otaviano suspira e pensa que a história que está escrevendo não tem pé nem cabeça. Se não bastasse tudo isso, ainda tinha mais, já havia recebido um belo adiantamento e gastara todo o dinheiro. O telefone continua tocando. Tantas coisas passam pela sua cabeça. Tem que atender.      - Alô! Quem fala?      - Sou eu, Luiz Carlos. Otaviano fala com ar de apressado para dar a impressão que está no meio do processo criativo      - Otaviano, você deve saber do que se trata. Preciso dos originais do seu livro para enviar à revisão.      Otaviano pensa "revisar o que? Só escrevi porcaria e ainda por ci

Inspiração ou sua falta

     O ato da escrita nunca se completa. A cada leitura encontro um novo jeito de escrever o que já foi escrito. Este é o sentimento que tenho ao ler algum texto deste blog. Nunca fico satisfeito com o resultado do que está publicado. Talvez nem você, caro leitor. Mas esta é uma outra história.      Cada texto tem sua pulsação, sua forma, sua vida. Parece estranho, mas é assim mesmo. Por isso é difícil publicar algo. É como um nascimento de um filho.      Às vezes fico imaginando o drama de quem escreve diariamente em algum jornal. A cada dia tendo que produzir uma coluna. Imagino estes colunistas tentando encontrar um assunto interessante e depois desenvolvendo o texto, mantendo dia após dia o interesse da leitura. Não deve ser fácil. Ou melhor, não é fácil.      A falta de assunto é o pior dos dramas destes escritores. A edição do jornal se aproximando e o colunista sem a coluna pronta e sem perspectiva de ser aprontada. O tempo correndo e a necessidade de produzir a coluna ainda

Um amor na Comissão

     - Não consigo mais. Tentei de todas as formas, mas não consigo ser quem tu é. Só isso. Você me impõe condições que não suporto mais.      - Como assim imponho condições?      - Isso mesmo. As tuas expectativas depositadas sobre mim me anulam.      - Então, deixa assim.      Se estabeleceu uma espécie de silêncio sepulcral entre os dois. Nada mais poderia ou deveria ser dito. Os dois continuavam a se olhar, mas o amor até então existente não estava mais ali.      Já enfrentaram muitas lutas juntos. Preconceitos, dissabores diários, mas sempre o amor era o que os uniam. Atualmente tudo que os cercavam estava desmoronando.      - Onde erramos?      - Nem sei se erramos.      A conversa esbarrava nesta falta de sintonia. Nunca mais tiveram aquelas conversas lá do início do namoro. Um namoro escondido. Uma namoro longe de todos e de tudo. Ficou pior com o correr dos anos quando passaram a ocupar posições sólidas na República.      - Acho que tu tem medo de assumir nosso amor.

As idiossincrasias de Cláudio

      - Como cruzamos por pessoas que tem verdades e que não se permitem ouvir outras verdades. O mundo está cheio de reis e rainhas da verdade. Não se pode contestá-las sob o risco de nos enviarem à fogueira. Eu só tenho dúvidas. Me pergunto o porquê de tantas certezas? Aprendi a ponderar qualquer assertiva. Desde de a mais tenra idade me ensinaram a ouvir todos e formar a minha opinião depois de muito ouvir.      - De uns tempos para cá a certeza impera em nossa sociedade. Todos devem ser assertivos, não deixam espaço para dúvidas. Como isso? Será que sou um ser de outro planeta.      - Calma Cláudio. Tu está nervoso. Vai pescar.      - Eu nervoso, só estou fazendo uma ponderação.      - E isso só porque o atendente perguntou o que tu quer comer?      - Sim. Estou em dúvida. Este cardápio tem muitas opções.      - Cláudio, te define. Tu só está escolhendo o que vai comer no almoço e não está tomando a decisão que irá mudar a tua vida.      - Carmem. Eu sou assim. Gosto de pond