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Inspiração e sons da minha vida

     Hoje estou sem inspiração, se é que algum dia tive esta tal inspiração.
     Me sinto num livro do Saramago, estou seco por dentro. Nada pulsa, nenhuma ideia. Mas ao mesmo tempo tenho a necessidade de escrever.
     Penso 'será que algum dia terei esta tal de inspiração?'. Ela ao meu lado responde 'talvez, mas tem que lutar por ela. Sou como uma mulher a ser conquistada, tenho que ser cortejada.'
     Continuo a pensar como me inspirar, como descobrir um assunto para discorrer neste espaço escondido na internet. Não sei, talvez quem estiver lendo tenha um assunto, talvez não. Podeira escrever sobre a vida, amor ou quem sabe corrupção. Todos estes assuntos são batidos, eu queria algo diferente.

     Olho para a rua a procura do passarinho que canta na minha janela todos os dias. Até mesmo ele está cantando em outras paragens. O dia está simplesmente maravilhoso e eu esperando o cara da tv a cabo. Aliás, como esperamos nesta vida. Esperamos a vida passar, a chegada de um amor ou o fim da corrupção. Olha eu tentando buscar os velhos e surrados temas. Não vou cair nesta armadilha da falta de inspiração. 
     Vou colocar uma música para me ajudar.
     Estes dias estava caminhando por Porto Alegre, aliás como gosto de caminhar em Porto Alegre, ainda mais agora que não moro lá. Percebi que em muitos momentos da minha vida a música está presente. Parece uma espécie de trilha sonora. A trilha sonora da minha vida. Me lembrei de vários fatos e associei às músicas que escutava então. Como é estranho olhar a vida sob a perspectiva das músicas que fazem sua cabeça. Eu quando comecei como estagiário na CEF, nos primeiros meses eu comprei um 3 em um. Era o máximo, um Gradiente bem legal, simples, mas bem legal, nada mais natural pois eu comprara com o "salário" de um estagiário. E lembro até o hoje o primeiro disco que comprei. O primeiro disco foi um Led Zeppelin
Ouvia dia e noite Good Times Bad Times, aliás o disco de estreia deles, de 1969. Imagina comprei um disco com quase vinte anos de estrada. Este sou eu, um cara virado para o passado, pelo menos os ouvidos estão virados para o passado.
     A vida continuou pulsando, comprei muitos discos de vinil. Estes dias os olhei na casa da minha mãe e pensei, tenho que dar vida a estes discos novamente. Mas em cada momento da minha vida ainda lá estava a música se fazendo perceber. Outro disco que surgiu na minha estrada foi o Eye in the Sky - Alan Parsons Project, ouvi até gastar o disco. Gravado em 1982, eu já estava curtindo sons "atuais". Comprei todos os discos do Alan Parsons Project, até o Gaudy, alguns deles em sebos. O Pyramid me marcou muito também. Mas nenhum deles foi tão marcante como o Eye in the Sky.
Claro que o Pink Floyd já estava em minha vida, comecei a comprar todos os discos dos caras. Era um atrás do outro até comprar todos. Claro que um marcou muito. Alguns poderão pensar que fosse o The Wall. Mas não é este que embalou minha fase psicodélica. Foi o Wish You Were Here. Um disco antológico, com todas músicas fantásticas que faziam parte de uma história única. Neste momento eu já tinha um walkman que me permitia curtir músicas andando pelas ruas. O que significou uma libertação das quatro paredes do quarto. Me senti livre para curtir as minhas músicas ao ar livre. Mas sempre ouvia também Obscured by Clouds. Este disco foi e é muito marcante para mim. Ouvia-o constantemente quando eu queria "viajar" caminhando por Porto Alegre eu o colocava para tocar a toda nos meus ouvidos. Acho que quanto eu estiver lá pelos 80 anos irei me lembrar, pois ouvir não será mais possível, acho que estarei meio surdo de tanto volume que colocava nos idos dos anos 90... Muitos anos eu sempre ficava em dúvida de qual disco é o melhor do Pink Floyd. Ainda tenho está dúvida até hoje. E nem quero saber mais qual é o melhor, quero somente continuar curtindo.
     Dentro desta reminiscência sonora não poderia faltar o Vitor Ramil. Aliás, o primeiro show da minha vida que eu fui de livre e espontânea vontade foi do grande Vitor. Lembro como se fosse hoje no Teatro Renascença em Porto Alegre. Foi fantástico era o show do disco Tango, o ano não tenho bem certeza se era 1988 ou 1989. Tenho impressão que era 1988. Tinha o personagem Barão de Satolep e umas freiras caminhavam pelo teatro fazendo umas gozações. Foi o melhor show do Vitor. Aliás, o Vitor Ramil faz parte da minha vida, sempre que estou em Porto Alegre e ele faz algum show eu vou. E é um show melhor que o outro. Todos gritam para ele tocar Satolep e eu grito Passageiro...
     Um dos primeiros encontros com a minha esposa foi num show do Vitor e foi no ano de 2002 no antigo Teatro Leopoldina, acho que era este o nome, ficava ali na Independência... Estávamos começando nossa relação e eu a convidei para ir comigo. O meu irmão Luke foi junto... minha esposa foi linda ao teatro e eu todo desgranhado. Ela continua linda e eu cada vez mais desgranhado. 
     A vida continuou, surgiram os mp3, depois os iPod, os iPhone e carregamos nossa vida musical nestes aparelhos. Agora ouvimos de tudo, desde o bom e velho Pink Floyd, passando por muita coisa dos anos 70 e 80. Atualmente minha trilha sonora tem muito Rolling Stones. Na época da adolescência não ouvia muito os caras, até brincava com um grande amigo meu que eles era a banda de um hit por disco. Mas com o tempo dei a mão à palmatória. Eles são os caras.
     Eu poderia colocar muitos outros ícones que embalaram minha vida, Focus, U2, Jethro Tull, Pat Metheny Kansas, Beatles ou Lyle Mays. Não consigo terminar este texto porque sempre surge um nome novo para esta lista de sons da minha vida. Mas é isto, a vida não terminou e esta lista não terminará enquanto houver vida pulsante.
    Mas acho que estes quatro representam tudo que eu gosto em termos musicais. Se você lembrar de algum outro coloca aí nos comentários. Que som embalou ou embala sua vida? 


PS: Só para constar o cara da tv a cabo ainda não chegou.
PS: Reli o texto e o cara da tv a cabo não chegou aqui. Não sei não, acho que ele não vem.


Trilha sonora:
Hey Joe - Jimi Hendrix - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Pan Dance [*] - Jethro Tull - Minstrel In The Gallery
Piece Of My Heart - Big Brother & The Holding Company - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
The Tell-Tale Heart - The Alan Parsons Project - Rock 70´s
Nobody Does it Better - Carly Simon - Rock 70´s
A Saucerful Of Secrets - Pink Floyd - A Saucerful Of Secrets
Orff: Carmina Burana - In Taberna: Ego Sum Abbas - Franz Welser-Möst: London Philharmonic Orchestra
What Ever Happened? - The Strokes - Room On Fire
Across The Sky - Pat Metheny Group - Imaginary Day
Suck On The Jugular  - The Rolling Stones - Voodoo Lounge
Caixinha de Música do João - Secos & Molhados - Coletânea
Focus III - Focus - Live At The Rainbow
Born To Be Wild - Steppenwolf - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
The Doors - L.A. Woman - Rock 70´s
Highway 61 Revisited - Bob Dylan - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
No Line On The Horizon - U2 - No Line On The Horizon
In Thee - Blue Oyster Cult - Rock 70´s
Serenade To A Cuckoo - Jethro Tull  - This Was
How deep is your love - Bee Gees - The very best of the Bee Gees
Barcarole - Pat Metheny Group - Offramp

Comentários

  1. Relendo este post, me veio a cabeça o comentário da Lindinha (minha colega) que disse que o blog é só sobre o autor. Brincando ela disse uma grande verdade. Lindinha tu está certa, às vezes tento disfarçar mas lá no fundo o blog é sobre as vivências do autor...rsrsrsrs

    ResponderExcluir
  2. Até comentar o que eu escrevo eu faço. Acho que estou ficando louco... Ou com poucos leitores, vá saber.

    ResponderExcluir
  3. Assisti um show inesquecível do Roger Waters, com dois grandes amigos..
    Mas em relação, aos Stones, tenho que divergir, além de ser uma banda de um hit por disco, tem se tornado uma banda de um hit " revisitado" por disco.. Porém, até para fazer isso, os caras demonstram grande talento.
    Heitor

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