Julia Nin pode parecer um nome estranho. Mas é um nome, ou melhor, um pseudônimo de uma amiga muito querida. Este conto surgiu de uma conversa entre nós. Aliás, uma saborosa conversa. E para finalizar ela escreveu o final deste conto a seguir publicado. Julia tu sempre me surpreende, mesmo quando não há qualquer surpresa.
Por Julia Nin

Ao entrarem no Cabaret decidiram pedir um vinho, Renato escolheu um Malbec da Concha y Toro. Renato era metido a entendedor de vinhos, quase um enochato. Mas se conteve para não ficar falando sobre a uva, forma de cultivo e com o que harmonizar o vinho. Novamente o silêncio imperava entre eles. Ela olhava muito para o peito de Renato, o que o levou a pensar que ela era vidrada em peitos másculos. Renato deu uma risada, estufando o peito. A noite estava passando muito rápido.

No bar, o ruído de alguns velhos
bêbados servia de trilha sonora. O barulho das garrafas e dos copos, a risada
de algumas meninas em frente ao estabelecimento.
Mariela levantou, caminhou até a porta
do banheiro e aguardou. Quando a porta se abriu e Renato deu o primeiro passo,
ela o empurrou de volta para dentro da pequena cabine. Pressionou o peito dele
com as mãos, até que suas costas tocaram a parede. Então, ela disse a primeira
e única frase da noite:
- Fiquei feliz quando vi que você
estava com essa camisa de botões. Eu gosto de abrir botões.
Calmamente ela desabotoou o primeiro
botão da camisa de Renato. Depois o segundo, o terceiro. E parou. Sentiu o
cheiro no pescoço dele e se aproximou um pouco mais. Sentiu o gosto amargo do
perfume que ele usava. Em seguida afastou-se um pouco, encarou Renato. Fechou
um a um os três botões, abriu a porta do banheiro e saiu do bar, sem pagar a
conta.
Hoje recebi uma mensagem de quem está por trás Julia Nin. Ela me disse que a história de Renato e Mariela não terminou. Será?
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