Agora quando entro em aeroportos me lembro do programa da Astrid, Chegadas e Partidas. Programa interessantíssimo, um dos poucos que se pode assistir na televisão brasileira. Em tempos de Big Brother é um oásis. Mas como eu ia escrevendo ao entrar em algum aeroporto me vem na lembrança o referido programa. E as histórias de vida de cada um que Chega ou Parte. Aqui neste aeroporto isolado de tudo olho para o lado e vejo famílias inteiras, pessoas solitárias, casais com ou sem filhos. Irei passar as próximas horas num aeroporto e as histórias destas pessoas que me cercam intrigam este blogueiro. O que estas pessoas tem em comum comigo? Quais as diferenças entre elas e mim? A primeira grande diferença é que somente eu escrevo e ouço música (estou de boné, fones, óculos escuros e escrevendo). Muitos olham fotos, alguns jogam cartas (a tarde será longa para todos), outros navegam pela internet em smartphones, iPads ou outros aparelhos. Eu escrevo e me divirto com estas palavras que saem sem sentido aparente.
O que move estas pessoas? Alguns poderiam dizer o prazer de viajar, outros diriam que poderia ser uma necessidade, por exemplo ir para uma formatura, enterro ou outro compromisso profissional. Qualquer afirmativa pode ser verdadeira ou errada. Mas todos têm algum história para contar, algo para revelar e aí está o interesse da vida. Num dos programas Chegadas e Partidas a Astrid encontra um casal esperando a chegada de um filho que estava viajando pelo mundo. A emoção era intensa, a ponto de qualquer pessoa que visse aquela cena ir às lágrimas facilmente. Inclusive este blogueiro.
Continuo a olhar as pessoas que me cercam, vejo um mundo aqui. Muitos lugares do mundo estão representados, várias línguas são faladas e eu continuo a escrever, afinal o tempo tem que passar e o meu voo só sai lá pelas 19 horas. Enquanto isso viajo em frases sem sentido, começa a tocar Comfortably Numb - Pink Floyd - The Wall - Disc II, lembro dos dias que ouvia esta música sem parar, não tinha destino certo, somente queria ouvir Pink Floyd. Agora estou muito longe de casa e ouço a música que embalava as manhãs, tardes e noites de uma adolescência um tanto quanto conturbada. Aliás, qual adolescência não é conflituada? Os meus conflitos era não ter conflitos, isso me incomodava, queria ter conflitos, todos tinham eu não... Mas a vida foi indo e aos poucos fui encontrando os esperados conflitos e, quando os encontrei, queria logo perdê-los. O que de fato aconteceu, tudo no seu tempo e espaço. Hoje aqui me lembro daquele jovem que somente queria ouvir os solos do Gilmour, num disco de vinil, ainda não existiam os cd´s... Tinha que levantar a agulha e levar até mais ou menos onde começava o solo que está agora tocando em meus ouvidos... Como evoluímos em muitos aspectos, como eu atingi alguns sonhos daquele adolescente, e como outros sonhos viraram esquecimento.
Continuo escrevendo para o tempo ir adiante, para simplesmente deixar aqui sentimentos que fazem parte de mim. Vindo para este aeroporto, mais uma vez a pensar em porque escrevo, minha parceira de vida tem uma tese muito interessante. Um dia escreverei sobre esta tese, mas tenho que ainda processar o que conversamos, é algo que mexe com alguns sentimentos muito caros para mim, mas mais uma vez acho que ela acertou... Escrevo por um motivo muito especial. E fico feliz em escrever, mesmo que tenha sido uma troca. Esta é a verdade... Tudo na vida parece ser um troca. Às vezes saímos perdendo, trocamos um carro por um balde, como naqueles programas antigos de televisão. Mas a vida é boa por isso, vamos escrevendo nossa história sem saber onde iremos parar, mais ou menos o que esta acontecendo neste texto... Não sei onde irá parar e se irá parar, mas quero continuar a escrevê-lo, pelo simples motivo que gosto de escrever. Não me importa, hoje, se será lido, só me importa em continuar a escrever, nem irei relê-lo, quem escreve agora é o meu coração, ele tomou conta da escrita e agora leva adiante os meus dedos nesta tarefa que é transportar sentimentos deste teclado à tela do Note e depois publicá-lo no blog mais importante deste mundo, pelo menos para mim...
Tiro o boné que estava usando e vejo a figura que está estampada é o Che Guevara, um dos heróis da Revolução Cubana. Ao olhar a figura emblemática do Che penso na revolução cubana e no que ela se transformou. Estes dias escrevi de passagem sobre Cuba e como aquele país foi marcante para mim. Sempre acreditei na luta começada na Sierra Maestra, acreditava nos ideias daqueles guerrilheiros e no que eles desejavam para os seus pares. Os jovens acreditam em rupturas sangrentas, é bem verdade que alguns adultos também. Mas acho que os anos nos fazem ver diferentemente o mundo que nos cerca, ainda bem que é assim. Nos tornamos menos complacentes com alguns tropeços da história e deixamos de contemporizar alguns deslizes de quem um dia admiramos. É o caso da Revolução Cubana. Hoje entendo que não basta comida, saúde e educação, queremos "gozar" também, queremos ser felizes, queremos ser ouvidos, queremos olhar para os lados e dizer "isso eu concordo, aquilo não", enfim, não basta um estado provedor. Precisamos ter em nossas mãos os rumos do nosso destino. Talvez aí esteja o problema destes Estados Comunistas. Não havia espaço para a diversidade do ser humano, não é possível ser diferente numa sociedade estatizada e que determina os nossos destinos. Há muito tempo tenho a impressão que o ser humano não está preparado para esta sociedade Comunista. Somos seres que não se preocupam com a divisão, queremos isso sim acumular riqueza e cada vez em maior quantidade. Esta é a nossa gênese. Alguns teóricos dizem que o homem capitalista morreria para nascer um novo ser humano, e que se este novo homem se adaptaria ao Comunismo. Infelizmente, o homem capitalista não morreu e ainda por cima dizimou a possibilidade de surgimento deste novo homem. Não concordo que seja bom sermos seres que pensam em acumular riquezas, esta é uma constatação que faço e não um juízo de valor. Basta olharmos para os lados para chegarmos a esta dura e insofismável conclusão. Ao andarmos por qualquer lugar deste mundo veremos mansões, carros de luxo, roupas de marca por todos os lados. Isso é o que muitos querem. Não adianta, esta é uma verdade. Para mudá-la não bastam revoluções sangrentas, execuções em paredões, prisões ou campos de concentração. A única forma é educarmos diferentemente nossos filhos. Ensinarmos novos valores, aí sim mudaremos o mundo. Quando estas gerações se tornarem os adultos de amanhã e continuarem a educar seus filhos nesta nova forma e assim sucessivamente, talvez quando passadas umas 20 gerações poderemos dizer que somos uma sociedade preparada para o Comunismo. De outra forma não é possível.
Que viagem, mas hoje estou querendo somente viajar por meio destas palavras, não quero ser lido, não preciso ser lido, quero somente escrever para simplesmente escrever. Parece que estou viciado em escrever, melhor do que me viciar em cocaína ou outro alucinógeno. Escrever é a minha forma de viajar dentro da viagem... Este sou eu. Me revelo através deste blog. Não me importo mais com julgamentos, confesso que já me importei, mas agora o que importa é este ato viciante. A realidade é que gosto do estou fazendo e continuarei a fazê-lo enquanto me der prazer. Uns meses atrás, falando com um grande amigo meu, entre uma cerveja e outra eu revelei para ele minha preocupação em tentar escrever todos os dias no blog e, ele que escreve também, me disse mais ou menos assim: "Tu tem que escrever pelo prazer e não transformar esta atividade em um martírio ou uma obrigação." Mais uma vez fui ajudado no meio do caminho, e este amigo mais uma vez me deu uma dica importante. Outras vezes ele já me estendeu a mão. Num momento em que eu não sabia se assumia um cargo público para o qual havia passado ele disse, vai lá assume e continua a estudar para passar em outro. Assumi o tal cargo, mas não continuei a estudar, mas já havia passado para o concurso que estou nomeado agora. Quando assumi no primeiro cargo encontrei pessoas maravilhosas e que me fizeram felizes durante quase quatro anos. Depois me chamaram para este outro Cargo. Em outra oportunidade estava em dúvida se tirava a carteira de motorista ou viajava. E este amigo me disse de novo outra frase basilar: "faz o que for melhor para ti, mas veja se tu não está arranjando uma desculpa para enfrentar algo que talvez te retire desta zona de conforto." E ele, mais uma vez estava certo, eu talvez estivesse fraquejando diante de algo que me incomodava. Fui lá e enfrentei aquele "medo" e tirei a carteira, depois fui viajar. Obrigado, Dr. Negrão. Se tu ler este texto, saiba que mesmo passado tanto tempo ainda me lembro destes fatos. Valeu mesmo.
Hoje o que escrevo não tem a mínima coerência, não existe ligação entre os assuntos. Ainda bem que isto aqui não é uma redação de vestibular, se fosse estaria beirando o zero. Já são 17 horas e 16 minutos, minha tarde está sendo preenchida por estas linhas sem sentido. Mas cabe a pergunta, o que tem sentido nesta vida? Poucas coisas. Não seria este texto escrito num aeroporto perdido na Patagônia que teria.
Mas acho que é chegado o tempo de parar de escrever, pelo menos por agora, entretanto, não sei como dar um desfecho para o que escrevi até aqui. Você, que por ventura tenha lido, espera algo para encerrar o que estou escrevendo. Agora minha atenção é despertada por um cara que está retirando o lixo de uma lixeira, vejo felicidade nos olhos dele, percebo que ele faz o seu trabalho com alegria e prazer. Isso mesmo, ele sente prazer. E nós que temos muito mais do que ele, às vezes reclamamos de nossas vidas, da nossa rotina ou do nosso emprego. Eu quando alcancei alguns sonhos senti um grande vazio. Pensei, tá mas tudo que lutei era para chegar aqui. E senti que era aquilo mesmo. Mas a minha vida mudou 180 graus de uma hora para outra. Num momento tinha uma vida confortável e estava na minha zona de segurança. No outro momento estava vivendo uma experiência completamente nova, vivendo no interior do Estado e tendo que fazer por mim, sem a presença de amigos ou familiares. E, hoje, aqui neste aeroporto tenho a certeza que a mudança foi para melhor. Sou outra pessoa, acho que melhor do que eu era. Mas isto neste momento não importa, o que importa é que nunca podemos dizer que chegamos ao nosso destino. Este é o ponto central de nossas vidas, o nosso destino traçamos todos os dias, a cada ação ou reação. Encerro com o meu novo mantra Nos Vemos...
Trilha sonora
Suck On The Jugular - The Rolling Stones - Voodoo Lounge
Gimme Shelter - The Rolling Stones - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Biggest Mistake - The Rolling Stones - A Bigger Bang
Honky Tonk Women - The Rolling Stones - Get Your Leeds Lungs Out, Revisited - Leeds, England
Comfortably Numb - Pink Floyd - The Wall - Disc II
Pigs (Three Different Ones) - Pink Floyd - Animals
Sunday Bloody Sunday - U2 - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Born To Be Wild - Steppenwolf - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
She's So Cold - The Rolling Stones - Emotional Rescue
Amsterdam - Coldplay - Live 2003
Heart Of Gold - Neil Young - Greatest Hits
Have a Cigar - Pink Floyd - Wish You Were Here
Stairway to Heaven - Led Zeppelin - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Out Of Control (Don Was Live Remix) - The Rolling Stones - More For Promotional Use Only
Tell It All - Pat Metheny Group - First Circle
Driving Too Fast - The Rolling Stones - A Bigger Bang
Out Of Tears - The Rolling Stones - Voodoo Lounge
Sonoman - Soda Stereo - Comfort Y Musica Para Volar
Gunface - The Rolling Stones - Bridges To Babylon
She Saw Me Coming - The Rolling Stones - A Bigger Bang
Waiting On A Friend - The Rolling Stones - Tattoo You
The Sun In Montreal - Pat Metheny - Trio 99->00
Budapest -Jethro Tull - Crest of a Knave [2005 remaster]
Always Suffering - The Rolling Stones - Bridges To Babylon
I Never Missed Someone Before - Chuck Mangione - Fun and Games
Another Brick In The Wall, Part 1 - Pink Floyd - The Wall - Disc I
(Cross the) Heartland - Pat Metheny Group - American Garage
Grand Funk Railroad - Gimme Shelter - Rock 70´s
She Saw Me Coming - The Rolling Stones - A Bigger Bang
Trilha sonora
Suck On The Jugular - The Rolling Stones - Voodoo Lounge
Gimme Shelter - The Rolling Stones - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Biggest Mistake - The Rolling Stones - A Bigger Bang
Honky Tonk Women - The Rolling Stones - Get Your Leeds Lungs Out, Revisited - Leeds, England
Comfortably Numb - Pink Floyd - The Wall - Disc II
Pigs (Three Different Ones) - Pink Floyd - Animals
Sunday Bloody Sunday - U2 - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Born To Be Wild - Steppenwolf - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
She's So Cold - The Rolling Stones - Emotional Rescue
Amsterdam - Coldplay - Live 2003
Heart Of Gold - Neil Young - Greatest Hits
Have a Cigar - Pink Floyd - Wish You Were Here
Stairway to Heaven - Led Zeppelin - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Out Of Control (Don Was Live Remix) - The Rolling Stones - More For Promotional Use Only
Tell It All - Pat Metheny Group - First Circle
Driving Too Fast - The Rolling Stones - A Bigger Bang
Out Of Tears - The Rolling Stones - Voodoo Lounge
Sonoman - Soda Stereo - Comfort Y Musica Para Volar
Gunface - The Rolling Stones - Bridges To Babylon
She Saw Me Coming - The Rolling Stones - A Bigger Bang
Waiting On A Friend - The Rolling Stones - Tattoo You
The Sun In Montreal - Pat Metheny - Trio 99->00
Budapest -Jethro Tull - Crest of a Knave [2005 remaster]
Always Suffering - The Rolling Stones - Bridges To Babylon
I Never Missed Someone Before - Chuck Mangione - Fun and Games
Another Brick In The Wall, Part 1 - Pink Floyd - The Wall - Disc I
(Cross the) Heartland - Pat Metheny Group - American Garage
Grand Funk Railroad - Gimme Shelter - Rock 70´s
She Saw Me Coming - The Rolling Stones - A Bigger Bang
Comentários
Postar um comentário
Interaja com Ledventure...