Pular para o conteúdo principal

Nossos bichos de estimação!

     Que mundo contraditório este que vivemos. Escrevo contraditório porque não encontro uma palavra que o qualifique com precisão. Talvez até o final deste texto encontre um qualificador mais apropriado.
     Estes dias estava lendo o Estadão e encontrei uma interessantíssima notícia: Gastos de americanos com animais domésticos superou R$ 86 bi em 2011. Impressionante este número, são oitenta e seis bilhões de reais, isso mesmo, foram 86.000.000.000 gastos como os nossos bichinhos. É dinheiro que não acaba mais. Quando convertido em dólar ainda é muito, ou seja, 50 bilhões de dólares. Por curiosidade procurei qual era o orçamento americano e encontrei o Orçamento dos EUA ano 2010. E num comparativo simples, constatei que foram investidos em pesquisas científicas para cura de doenças, exatos setenta bilhões de dólares. O montante investido em educação pelos EUA em 2010 foi de 105 bilhões de dólares. E por aí vai. Nestas duas rubricas do orçamento americano podemos constatar que tudo a nossa volta é muito contraditório.
     Se a referência for Orçamento do Brasil 2011 o disparate é muito maior. Para termos uma ideia investimos em educação R$ 54 bilhões. Considerando que o dólar fechou hoje em R$ 1,7367, teríamos em dólares em torno de 31 bilhões. O que corresponde a 62% do que foi gasto pelos americanos com seu bichanos... É ou não é algo que choca. Não estou desmerecendo os bichanos americanos, mas nossas crianças não podem nem ser consideradas como se fossem bichinhos de estimação. E isto que estamos sendo alçados à sexta economia mundial.
     É certo que fazemos o que queremos com nosso dinheiro, se ele foi ganho honestamente decidimos fazer com ele o que bem entendemos. Certo? Errado. Não vivemos isolados, não somos uma ilha. Vivemos cercado por tudo e por todos. Não entra na minha cabeça que a sociedade permita que se gaste mais com os animais de estimação do que com a educação das nossas crianças. Algo está muito errado. Ou gastamos muito como nossos bichinhos ou gastamos pouco com nossa educação. Até parece que vivemos em um mundo perfeito, onde todos os nossos problemas foram resolvidos e não há mais nada a ser feito, não há criança sem escola, todos têm comida, emprego, casa digna e todas as suas necessidades atendidas. Só pode ser isso. Não é crível que vivemos em um mundo onde uma criança tenha menos cuidados do que um bicho de estimação, por mais querido que possa ser este nosso bichano...
       Tudo é muito estranho em nossa sociedade. E não vejo mudança a curto prazo. Ainda continuaremos a priorizar o nosso umbigo em detrimento do nosso semelhante. Queremos o carinho do nosso animalzinho e não nos importamos se o filho do operário tem escola ou comida digna. É duro viver num mundo onde nosso cãozinho é mais feliz do que o filho do guardador de carros da esquina de casa. Mas esta é a vida que vivemos. E por fim acho que descobri a qualificador para este mundo. Acho que poderia escrever a frase inicial assim: Que mundo cão este que vivemos...

Trilha sonora
Opening Titles (Interview) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Tarkus (Eruption) (Tokyo 1972) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Forming ELP (Interview) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Hoedown (Milan 1973) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Breaking Through (Interview) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Tank (Milan 1973) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
ELP On Top (Interview) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Lucky Man (California Jam 1974) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Karn Evil 9 (3rd Impression) (California Jam 1974) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Locking Horns (Interview) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Toccata (Aquarius 1974) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
The Works Prjoect (Interview) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
I Believe In Father Chirstmas (Greg Lake 1975) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Postscript (Interview) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Honky Tonk Train Blues (Oscar Petersons Piano Party 1976) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning
Fanfare For The Common Man (1977) - Emerson Lake And Palmer - Beyond In The Beginning

Comentários

  1. Alguns gastam com seus animais, outros com carros, outros com roupas...

    ResponderExcluir
  2. imagino que tu dedique tempo e dinheiro às crianças carentes! bises.

    ResponderExcluir
  3. Desculpe mas discordo completamente da sua visão, pois nossos impostos (altíssimos) já são (ou deveriam ser pelo o q nossos governantes dizem) predestinados a várias prestações de serviços relacionadas à crianças. Hj temos vários órgãos oficiais p/ atende-las, se fazem isso direito ou não, já é um problema de administração pública. Nossa parte fazemos pagando os impostos e acreditando q pessoas credenciadas farão o trabalho correto já q estão sendo pagas p/ isso.
    Já c/ os animais, não há órgão oficial algum que cuide deles. O mínimo é o centro de zoonoses que no máximo, faz matá-los quando se tornam uma "praga" nas ruas. Por isso dr. que nós que já pagamos nossos impostos p/ q sejam devidamente gastos pelos órgãos competentes, gastamos tanto dinheiro c/ nossos bichos, porque não há ninguém que o faça!
    O que aliás é um absurdo!! Pois tb são seres vindos de Deus e em MUITOS casos, conseguem ser mais imprescindíveis do que muito ser "humano".

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Interaja com Ledventure...

Postagens mais visitadas deste blog

Somos 99%

     Somos uma parcela significativa de qualquer sociedade. Somos os 99%. Apesar de sermos a imensa maioria, ainda assim somos excluídos de quase tudo. Somos chamados somente quando os detentores das riquezas, os outros 1%, precisam de nossos sacrifícios.      Como é possível que uma sociedade, com alicerces tão frágeis, fique de pé por tanto tempo? Não tenho a resposta. Entretanto, sinto que algo está mudando e muito rapidamente. Esta sociedade injusta já não está mais tão firme e começa a ser questionada. Nos últimos meses estamos acompanhando vários movimentos sociais espraidos pelo mundo. É a voz dos 99% se fazendo ouvir. Estamos cansados de sacrifícios intermináveis. E sempre dos mesmos para os mesmos. Nunca são chamados os detentores da riqueza. Um porcento da população nunca se sacrifica, mas quando aparece alguma dificuldade, criada pela ganância deles, colocam de lado suas convicções e imploram ajuda dos governos. Estes governos que sempre foram...

A casa não vai cair...

     Um amigo, aliás, um ótimo amigo escreveu algo que me fez pensar: "... enquanto nos perdemos nos detalhes, contando, classificando... a vida passa e a casa vai caindo, pouco a pouco."      Este amigo em poucas palavras me mostrou o que somos, ou melhor, no que nos transformamos.      Parece que deixamos de lado o quadro para prestarmos atenção na moldura, sabemos tudo sobre este detalhe, o ano da fabricação da madeira, o tipo e forma do corte, esquecemos de olhar o quadro em si. Fechamos os olhos para a pintura...      No início o não entendi, pois o simples nos é tão difícil de entender, sempre estamos  querendo transformar esta simplicidade em algo complexo. Mas esta simplicidade quando nos é revelada nos abre olhos, enxergamos além da moldura, passamos a ver o conteúdo do quadro; nos surpreendemos com o que surge aos nossos incrédulos olhos.      Parece que somos criados para somente fazermos part...

Uma história do ponto e da vírgula.

     Ia escrever sobre o cotidiano. Mas não me deu vontade. Então me lembrei de uma pequena altercação entre o ponto e a vírgula. O fato ocorrido que presenciei foi mais ou menos assim...      O ponto sempre foi determinado, sempre certo  do que queria, nunca deu espaço para qualquer tipo de dúvida e constantemente reclamava da vírgula. Dizia que ela era um poço de incertezas, sempre acompanhada de um entretanto, talvez, quem sabe. Isso o ponto não suportava. O ponto estava a pronto para encetar algum ataque. Mas o sempre era demovido pelo ponto de exclamação, este sim o mais respeitado entre os sinais de pontuação.      A vírgula de seu lado sempre reclamava deste ar superior do ponto, sempre encerrando os assuntos, não dando margem para nenhuma discussão. Lá longe a reticências nem dava bola tinha uma vaga idéia de que aquela "desinteligência" iria virar amor.    Não é que um dia num texto mal pontuado, como este, o ...