Pular para o conteúdo principal

O escrever...

     Escrever é uma tarefa que nunca se completa. Quem se arrisca nesta arte está sempre a procura da melhor construção frasal. Penso que qualquer escritor quer encontrar a melhor forma de transpor em palavras os mais variados sentimentos. Quando, enfim, se encerra o processo de formação de determinado texto, ao relê-lo percebemos que poderia ser escrito de maneira diversa. Quando o ato desta releitura é feito alguns dias depois, algumas vezes a vontade é de alterar todo o texto.
     Por que estou escrevendo sobre isso? Nem eu sei, talvez seja falta de assunto ou não. Mas na verdade senti necessidade de escrever sobre isso. Retomando o assunto deste post sem muito sentido, a resposta do porquê escrever sobre a tarefa da escrita me parece simples, pelo menos aos meus olhos. Na verdade quando releio os textos postados no LedVenture altero alguma coisa (alguns dos meus amigos detratores, dirão que tenho que escrever tudo de novo para enfim escrever um texto bom, mas dos amigos esperamos tudo...). E este fato sempre me despertou curiosidade em saber o porquê alterar textos escritos. Muitas explicações surgiram em mim.
     Escrever um blog exige bastante desprendimento, exige um certo entregar-se e revelar-se a todo momento. Não há espaço para a crítica contumaz, não há tempo para muito pensar, pois os blogs são dinâmicos. Os textos escritos não podem ficar numa espécie de limbo maturador a espera do momento certo da postagem. Não, muito antes pelo contrário, temos que escrever e escrever, deixar o sentimento fluir, reler uma vez e publicá-lo. Por isso não há espaço para aquele sentimento crítico do autor, pois caso contrário quase nada seria publicado.
     O texto depois de publicado adquire vida. É isto mesmo, por mais louco que pareça, a realidade é esta. Então, geralmente, deixo passar alguns dias entre a publicação do texto e esta releitura, penso que o texto está adquirindo o seu sentido e que ao relê-lo descobrirei este sentido. Muitas vezes quero fazer profundas alterações, mas tento descobrir que alteração o texto porventura pede. Aqui não me refiro aos erros de digitação, aí não tem o que fazer, tem que corrigir mesmo. Mas às vezes o texto pede uma nova escrita, seja por que não fui feliz na primeira versão (muitas vezes acontece isso, afinal sou um blogueiro/escritor neófito), seja porque a história exige um outro final ou mesmo outros detalhes. Mas estas alterações não são feitas de maneira simples e indolor. Vivo alguns dilemas - mesmo que não seja muito lido, ainda assim sou lido - então, fico me sentido como uma espécie de traidor do eventual leitor que passou os olhos no post publicado. Às vezes quero alterar profundamente o que foi originalmente publicado. Este conflito está diminuindo, porquanto agora altero quando o texto assim exige.
     Aprendi, após algum sofrimento, que a escrita é uma obra aberta e que por isso mesmo está sempre em construção.
     Tenho convicção que este texto não mudará o mundo que nos cerca e não tem qualquer importância em nossas vida, mas como este blog não tem muito sentindo mesmo e senti que era isso que deveria ser escrito hoje. Aliás, este texto não está sendo escrito por mim, sinto que ele é produto de todos os outros textos escritos até aqui. Que nenhum psiquiatra leia o que estou escrevendo aqui, pois talvez eu seja internado. Mas é o que sinto. Ou então é o que as letras sentem e eu apenas sou a forma encontrada por elas para dar forma a este sentimento das letras...

PS: Estes tempos escrevi que sou produto de todos os livros que li. E escrevo para dar uma nova forma aos livros que li até aqui... Acho que é isso mesmo. Não me lembro em qual post isso foi escrito, mas é isso que sinto...

Trilha sonora:
Knights Of Cydonia - Muse  - Black Holes And Revelations
Terapia De Amor Intensiva - Soda Stereo - Doble Vida
Take The Box (Seijis Buggin' Mix) - Amy Winehouse - Frank
How Sweet It Is (To Be Loved By You) - James Taylor - Greatest Hits
Harvest Moon - Neil Young - Greatest Hits
The Souls of Distortion - Joe Satriani - Is There Love in Space?
Karn Evil 9: 1st Impression Part 2 - Emerson, Lake & Palmer - Live At The Royal Albert Hall
You Could Be Mine  - Guns N´ Roses - Live Era '87-'93
Mama Áustria - Casseta & Planeta - Preto Com Um Buraco no Meio
Something About You - Boston - Rock 70´s
Juego De Seduccion - Soda Stereo - Ruido Blanco
End Of The World - Gary Moore - We Want Moore! (Digital Remaster)

Comentários

  1. Ledventure, também gosto de escrever e já percebi a mesma coisa que você, após algum tempo releio meus textos e aprendi que é melhor deixar como está.
    Tenho um blog de assuntos diversos onde praticamente só escrevo para mim mesmo, pois nunca fiz nenhuma divulgação,
    gostaria que você visitasse e fizesse um comentário.
    http://paulo-prado.zip.net
    e-mail pauloprado@folha.com.br
    Abs.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Interaja com Ledventure...

Postagens mais visitadas deste blog

Somos 99%

     Somos uma parcela significativa de qualquer sociedade. Somos os 99%. Apesar de sermos a imensa maioria, ainda assim somos excluídos de quase tudo. Somos chamados somente quando os detentores das riquezas, os outros 1%, precisam de nossos sacrifícios.      Como é possível que uma sociedade, com alicerces tão frágeis, fique de pé por tanto tempo? Não tenho a resposta. Entretanto, sinto que algo está mudando e muito rapidamente. Esta sociedade injusta já não está mais tão firme e começa a ser questionada. Nos últimos meses estamos acompanhando vários movimentos sociais espraidos pelo mundo. É a voz dos 99% se fazendo ouvir. Estamos cansados de sacrifícios intermináveis. E sempre dos mesmos para os mesmos. Nunca são chamados os detentores da riqueza. Um porcento da população nunca se sacrifica, mas quando aparece alguma dificuldade, criada pela ganância deles, colocam de lado suas convicções e imploram ajuda dos governos. Estes governos que sempre foram chamados de ineficientes ou

Vivendo ao largo da vida...

     - Eu vivo ao largo da vida.      - Como assim?      - Isto mesmo. Eu vivo costeando a vida. Nunca me senti incluído em nenhum grupo social. Nunca convivi com nenhuma turma. Sempre fui muito sozinho.      - Mas hoje somos um casal e temos alguns amigos.      - Sim, mas são muito mais teus amigos do que meus. E para dizer a verdade são apenas conhecidos.      - Otávio, às vezes acho que tu é louco.      - Por quê? Talvez porque eu goste de falar a verdade? Pelo menos a minha verdade.      - É. Nem sempre gostamos de ouvir verdades.      - Mas eu gosto de falá-las.      - Otávio, tu tem esta mania de falar o português correto. Isto, sim, me incomoda. E também me irrita esta tua vontade de falar verdades... Verdades não são para serem ditas.      - Isabele, olha o paradoxo desta tua frase...      - Para o que...      - Paradoxo. Para os menos acostumados com o vernáculo, paradoxo é uma especie de contrassenso, absurdo ou disparate.      - Tu e esta mania de me chamar de i

DSK, o homem "respeitável"

     Imaginem um homem poderoso. Um homem influente. Um homem "respeitável". Este homem entra num avião, se dirige à primeira classe, lugar onde sempre se acomoda quando viaja de avião. Afinal, é o todo poderoso, não existe outro lugar para este homem a não ser a primeira classe de uma aeronave. Pelo menos até então.      Mas antes de se deslocar até este avião, o "respeitável" senhor abusou de uma camareira do hotel de luxo onde estava hospedado. Muitos ao imaginar esta situação têm a certeza de que nada iria acontecer a este senhor poderoso, temos certeza de que ele iria para o seu destino e aquela camareira conviveria com esta chaga, ser abusada por um homem poderoso e nada poder fazer porquanto ninguém acreditaria nela. Mas não foi o que aconteceu nestes últimos dias nos Estados Unidos.      Muitos de nós criticamos os Estados Unidos. Na adolescência tínhamos como objeto da nossa ira este país imperialista. Afinal, éramos e ainda somos a parte do mundo explorada