Viajar é acima de tudo
integrar-se com o que te cerca e entregar-se ao caminho. Escrevo isso porque
estou indo para o Fim do Mundo. A viagem que eu queria a muito fazer, mas que
pouco tempo atrás decidimos fazer. Aliás, faz muito tempo, talvez toda minha vida
que penso em ir ao Fim do Mundo. Quando da minha infância ouvi falar deste
lugar e deste então me encantei com a possibilidade de ir ao Fim do Mundo. O
nome do lugar já mexia com minhas fantasias juvenis e ainda continua exercendo a
sua magia. E o dia de realizar mais este sonho chegou. Eu e minha companheira
de viagens e vida nos perguntamos o porquê escolhemos ir ao fim do mundo? Desenvolvemos
teorias para todos os gostos. Mas na verdade existia este desejo latente e que
despertou de forma intensa, sem aviso prévio.
Quando é para ser não há
possibilidade de fuga. Até outubro não tínhamos escolhido nosso destino. Sabíamos
que não queríamos ir para um lugar que já tínhamos ido. Nosso desejo era ir
para um lugar diferente e desconhecido de ambos. Então, do nada, nos olhamos e falamos “Por que não ir
ao Fim do Mundo?” Depois de apenas uma frase decidimos para onde iríamos nas
férias. E estamos no meio do caminho para o Fim do Mundo, estamos descobrindo
como é interessante esta estrada que tem Fim. No decorrer desta jornada
descobrimos que nós dois desejávamos ir ao Fim do Mundo, mas nunca verbalizávamos
este desejo. Se tivéssemos dito, com certeza já teríamos ido ao Fim do Mundo.
Na verdade, tudo tem seu tempo e seu lugar. Era para ser agora... E o dia da
nossa viagem chegou e estamos no meio do caminho. Mas precisamente estamos em
Buenos Aires a espera do chegada ao Fim. Nesta segunda parada antes do Fim do Mundo
arranjei tempo para escrever sobre este projeto. Aqui abro um pequeno parênteses
para firmar a certeza que o LedVenture me embala e acalma. Estamos em meio a uma
conexão, ficaremos quase quatro horas esperando o vôo (será o terceiro de hoje)
para o nosso Fim do Mundo. Em outros tempos eu estaria impaciente, e até mesmo indignado
por ter que esperar tanto. Hoje estou muito calmo, pois estou fazendo algo que
gosto, escrever. É relaxante, me acalma e me faz mais feliz. Aos poucos vou me
encontrando nesta loucura que é a vida. Nunca imaginaria que escrever me faria
tão bem. Se soubesse disso quando eu tinha meus quinze anos tudo seria mais
fácil e menos traumático. Mas a verdade é que tudo tem seu tempo. Eu mesmo
tenho o meu tempo. Mas fechando este pequeno parênteses, tudo a minha volta
pulsa diferente, nós pulsamos diferente. Como é bom estar nesta vibração, fora
do eixo normal. É difícil explicar o que se passa dentro de mim, mas é
diferente do dia a dia. E isto é o que importa. Agora é exatamente meio dia de
quarta-feira, dia 28 de dezembro. Ao fundo começa a tocar uma orquestra de
jovens. O som invade a escrita de forma avassaladora. Os sentimentos começam a
ser embalados pelo som. Olho para o lado e vejo as pessoas comendo como todos
os dias, rindo como todos os dias, andando como todos os dias, mas não é um dia
qualquer, pelo menos para nós... todos estão esperando a hora de seus destinos.
Nós, diferente de todos, esperamos o Fim do Mundo. Tento observar as pessoas a
minha volta, mas não quero saber de mais nada, quero somente que chegue a hora
do embarque. Buenos Aires não me interessa, todos que aqui estão não me
interessam, o que me move é o Fim do Mundo. É bastante egoísta, mas é o que
estou sentido. O que me move é descobrir a cidade mais austral das Américas.
Neste momento a Orquestra de
Jovens começa a executar o tema do filme
do Indiana Jones. É verdade, eles estão tocando esta música, e começo a me
sentir numa espécie de aventura, claro que cercado pelos benefícios da
modernidade e conforto. Mas, ainda sim, me sinto um aventureiro que se prepara
para encarar o seu destino. Ao olhar para o lado vislumbro minha louca companheira
que encara comigo tudo nesta vida, até mesmo ir ao Fim do Mundo. Esperamos
voltar, mas se não voltarmos será por uma boa causa, estaremos vivendo um dos
nossos sonhos.
Continuo a olhar todos que me
cercam, uma mãe embala seu filho de colo, que dorme o melhor dos sonos porque
esta aninhado no colo materno. Mas nem esta imagem mexe comigo, pois quero o
meu Fim do Mundo. Lá encontrarei, enfim, o lugar que embalou meu imaginário,
parece que estou voltando para as origens da minha existência. Pura viagem de
um viajante que está totalmente envolvido com o Fim do Mundo. Mais a frente outra mãe brinca com sua filha,
todos a minha volta estão felizes, inclusive eu. Neste momento uma onda de
felicidade me inunda, cada poro meu exala felicidade, não sei explicar o que é,
mas é exatamente isso. Ondas batem na minha praia, não sei se conseguirei viver
outro sentimento que não seja a felicidade. Como é bom sentir esta felicidade
máxima. Este blog às vezes é algo meio cafona e parece aqueles textos de
autoajuda. Mas não é isso não. O que escrevo aqui a verbalização de sentimentos
vividos e experimentados por mim. Neste momento não há outra palavra para me
definir. Sou o ser mais feliz que se dirige ao Fim do Mundo.
Agora tenho que continuar meu
trajeto, mais para o sul e o que eu descobrir lá, tentarei escrever neste blog
sem sentido que é o LedVenture. O LedVenture tem espaço para tudo e todos e
pode, também, até se transformar num diário de viagem. Quero reler estes posts
no futuro e me lembrar de cada minuto, cada sensação, cada espera ou surpresa. Neste
instante estamos no Aeroparque do Buenos Aires (um aeroporto central) vejo
aviões pousando a todo instante e fico a imaginar como será quando chegar o Fim
do Mundo. Esta é mais uma loucura do LedVenture que, por não
ter roteiro, me surpreende, por isso gosto tanto deste blog. Mas eu sou
suspeito, pois sou o autor. Espero que os meus leitores/amigos gostem. Daqui a pouco entro em mais um avião...
Até o parágrafo anterior escrevi no
aeroporto de Buenos Aires, mais especificamente o Aeroparque. A partir daqui
escrevo do Hotel onde estou hospedado. Já cheguei ao Fim do Mundo e agora são
onze e trinta e três. Até dez minutos atrás ainda vislumbrávamos o sol. É
incrível.
Eu e minha louca esposa chegamos no hotel e logo saímos para conhecer
o entorno e acabamos jantando num restaurante ótimo chamado
Bodegon Fueguino, comemos uma sopa dos Deuses. E, eu para variar, tomei uma
cerveja dos Deuses. Feita aqui mesmo no Fim do Mundo. Ao chegar aqui pensei no
meu emprego e como fico feliz em trabalhar lá, pois me proporciona fazer coisas
impensáveis, fiquei com vontade de trabalhar mais e com mais dedicação pois é
de lá que saia a grana para curtir a vida. Espero que meu chefe leia este post... e digo para ele que aqui aquela frase de pegar junto se fortalece... Nem
precisava se fortalecer, pois todos pegamos juntos, mas confesso que me senti
mais forte para tudo que virá no ano que vem. Como é bom viajar para repor as
energias. Nem bem cheguei no Fim do Mundo e já me sinto mais forte para voltar
ao trabalho... Não escreverei nada sobre o Fim do Mundo, afinal, estou a poucas horas aqui, mas posso dizer que o Fim é apenas o Começo. Isso já deu para ter certeza.
Hoje o que me embala são as sensações que estou experimentando...
Valeu!!!!!!
ResponderExcluirQuando voltar (se voltar) vamos aproveitar toda esta energia com muito trabalho.
DO CHEFE.