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Ainda o caso DSK

     Parece falta de assunto, até pode ser, mas ainda quero escrever alguma coisa sobre o rumoroso caso DSK. Nas duas postagens anteriores, não abordei o papel lamentável desempenhado pela mídia. Acho pertinente escrever alguma coisa sobre esta instituição que se julga acima do bem e do mal. Muitos qualificam a imprensa como o quarto poder, mas eu tenho lá minhas dúvidas, penso que deixou de sê-lo há muito tempo, agora é o primeiro poder. Elege facilmente quem defenderá seus interesses, por outro lado, acaba com carreiras de quem atrapalha seus planos. E este agir é espraiado em todos os lugares do mundo e em muitos momentos da história.
     Antes de escrever sobre o caso DSK, é importante lembrar a história da Escola Base, para tanto reproduzo uma matéria vinculada na mídia:
Em março de 1994, vários órgãos da imprensa publicaram uma série reportagens sobre seis pessoas que estariam envolvidas no abuso sexual de crianças, todas alunas da Escola Base, localizada no bairro da Aclimação, na capital. Os seis acusados (...) eram os donos da escola, os funcionários deles; além de um casal de pais.
A divulgação do caso levou à depredação e saque da escola. Os donos da escola chegaram a ser presos. No entanto, o inquérito policial foi arquivado por falta de provas. Não havia qualquer indício de que a denúncia tivesse fundamento. De acordo com as denúncias apresentadas pelos pais, (...) que trabalhava como perueiro da escola, levava as crianças, no período de aula, para a casa de (...), onde os abusos eram cometidos e filmados. O delegado (...), sem verificar a veracidade das denúncias e com base em laudos preliminares, divulgou as informações à imprensa. (fonte: O Globo - http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/11/13/286621871.asp)
     O que aconteceu no caso conhecido por Escola Base foi um linchamento moral das pessoas envolvidas, acabaram com a vida de pessoas inocentes. Ao final do triste episódio ficou comprovado que tudo era um grande e lamentável engano.
     Mas como se portou a mídia face a este erro de avaliação? Fez um mea-culpa, mas não passou de notinhas minúsculas.
     Exemplos deste jaez poderiam ser citados nas mais diversas latitudes. Um exemplo atual e conhecido de todos é o caso do senhor Dominique Strauss-Kahn, este senhor foi julgado e condenado em apenas um dia, por todos os veículos de comunicação. A opinião pública, conduzida por esta mídia, só faltou açoitar este senhor. Aqui faço uma mea-culpa, pois também condenei e desejava açoitar o senhor DSK. Mas, aparentemente, todos nós estávamos enganados, pelo menos neste episódio envolvendo a camareira, porquanto a ficha corrida deste senhor é extensa. O papel da mídia neste episódio deixou de lado a imparcialidade e tomou posição, deixando de relatar o ocorrido, transformando-se numa espécie de acusador sem limites. Errou, mais uma vez, escandalosamente.
     Muitos jornalistas ao tentarem explicar o inexplicável citam a frase: "não é notícia quando um cachorro morde um cidadão, mas é notícia quando um cidadão morde o cachorro". O que estes entendidos querem dizer com esta frase? Que as coisas comuns não são notícias. Tudo que é vinculado na mídia passa por este crivo de avaliação e aí que reside o problema. O  que é vinculado geralmente tem um cunho negativo, pois segundo a avaliação é o que deve ser noticiado. Sempre nos são mostradas uma parcela ínfima do que deveria ser noticiado, a parte positiva nos é negada e quando aparece é exceção para confirmar a regra. 
     No Brasil, cerca de dois anos atrás, foi proposta a criação de um órgão para regulamentar a mídia, mas como sempre, os opositores da ideia, em vez de apresentarem argumentos para refutá-la, alegam que é tentativa de cerceamento da liberdade de imprensa.  Não posso concordar com esta argumentação, pois regular não é cercear, mas sim estabelecer condições de exercício do jornalismo. Todas as demais profissões têm regulamentos e alguns parâmetros para serem exercidas. Por que, então, para o exercício do jornalismo deva ser diferente? O jornalismo é uma atividade como qualquer outra, gera lucro como qualquer atividade comercial existente, portanto, deve obedecer alguns parâmetros e seguir algumas regras. Talvez, se este órgão regulador existisse não tivéssemos passados por tantos exemplos de mal jornalismo. Por óbvio, esta regulamentação não seria ditada pelo governo, mas sim por representantes da sociedade e da própria imprensa. Mas acho que estou sonhando acordado, pois o "Primeiro Poder" nunca iria permitir a criação de regulamentação da atividade jornalística.
     Enquanto isso, teremos que conviver com  o jornalismo atual e os exemplos como o da Escola Base ou do senhor DSK. Infelizmente.

Trilha Sonora
Ultra violet (light my way) - U2 - Achtung Baby
Locomotive Breath (Live From Zurich) - Jethro Tull - Rock Island
Won't Get Fooled Again - The Who - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Lagrima - Dave Grusin/Lee Ritenour - Two Worlds
Zooropa - U2 - Zooropa
I'm Gonna Get Me A Gun - Cat Stevens - Morning Has Broken
Marginal - Celso Blues Boy - Celso Blues Boy (VIVO)
Stronger Than Me (Harmonic 33 Mix) - Amy Winehouse - Frank
When Doves Cry - Prince & The Revolution - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Little Bombardier (The Original Stereo Album Mix) - David Bowie - David Bowie (Deluxe Edition)
Map Of The Problematique (Live) - Muse  - Haarp (Live At Wembley)
Take the Long Way Home - Supertramp - Rock 70´s
Jack-in-the-Green - Jethro Tull - Songs From the Wood
Trouble (Live) - Coldplay - Singles
Hearts Beat As One - U2 - War (2008 Remaster)
Merlin The Magician - Rick Wakeman - The Myths and Legends of King Arthur and the Knights of the Round Table
One Minute Warning - Passengers - Original Soundtracks 1
Papa's Got A Brand New Bag - James Brown - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Deacon Blues - Steely Dan - Rock 70´s
The Modern Age - The Strokes - Is This It

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