Andava pelas ruas, mas parecia que estava em outra dimensão. Aliás, todos parecem viver em outra dimensão. Que dimensão todos vivem? Esta é a pergunta que se fazia. Desde sempre se sente diferente, ou melhor, se sente só. Neste momento parou e sentou-se no primeiro banco que encontrou. Olhou em volta e ficou pensando na sua vida.
O que tinha construído nesta existência. Quase nada. Por que estava nesta crise? Será que era a idade? Não poderia ser isso. Estava com apenas 27 anos. Todos falam na crise dos quarenta, mas nunca ouvira falar na crise dos vinte e sete... Será que esta crise era dele ou de tudo que lhe cerca? Muitas perguntas e nenhuma resposta.
Neste momento senta-se ao ao seu lado um senhor. Ficam alguns minutos em silêncio, parecem envoltos por seus pensamentos. O sol é aprazível, um vento leve se faz presente.
De uma hora para outra o senhor fala:
- Tudo a nossa volta conspira a nosso favor?
- Como assim? Penso completamente diferente do senhor? Acho que tudo nos direciona para sermos infelizes.
- Quanto anos você tem? Antes de mais nada quero me apresentar, me chamo Luci.
- Desculpe-me. Nem me apresentei, me chamo Lucas.
- Lucas, belo nome. Mas quantos anos você tem?
- Tenho vinte e sete anos.
- Então se explica o porquê do seu pessimismo. Faz parte destes tempos modernos. É atávico a esta geração o pessimismo.
- Como assim? Na sua opinião, os tempos modernos proporcionam um certo pessimismo?
- Não tenho dúvidas. A sua geração não acredita num mundo melhor. Não acredita no ser humano. Não entendo, mas é assim. É uma característica destes anos. E para falar a verdade gosto deste sentimento.
- Mas eu não me vejo pessimista. Sinto somente que não temos perspectivas.
- Se isso não é ser pessimista, não sei o que será.
- Então concordo com o senhor. Sou um pessimista. Talvez desde o meu nascimento eu seja assim. Não acredito em nada que me cerca.
- Lucas. Posso te fazer uma pergunta?
- Claro.
- Você já amou? Não falo deste amor homem-mulher. Me refiro se alguma vez você amou alguma causa?
Os dois homens ficaram se olhando. O silêncio se estabeleceu. Aqueles desconhecidos estavam olhando o firmamento. A vida corria normalmente em volta. Carros buzinando, vendedores anunciando seus produtos, crianças indo e vindo... Mas aquela pergunta estava entre eles. Lucas tinha certeza que nunca havia amado algo. Nem mesmo a vida ele amava. Mas mentiu friamente.
- Claro que amei. Alguns anos atrás eu amei de verdade a causa ecológica.
- Se você quer mentir, nossa conversa não tem sentido. Não irei malhar ferro frio. Me despeço aqui.
E aquele senhor enigmático começa a se levantar.
- Espere. Como o senhor pode ter tanta certeza de que estou mentindo? Nem eu tenho certeza se falo a verdade ou não.
- El diablo sabe mas por viejo do que por diablo. Você já se enganou por muitos anos, não se engane mais. Ainda mais agora que vim lhe levar.
- Como assim me levar?
- Isso mesmo, o que lhe disse acima não foi somente um ditado, foi uma constatação sobre a minha sabedoria. É derivada da minha velhice e não porque sou...
- Era só o que me faltava um louco que se diz ser o Diabo. Este mundo só tem loucos. Será que não é hora do senhor voltar para o hospício.
Neste momento de uma hora para a outra tudo em volta escureceu. Não se ouvia mais nada, o vento parou de soprar. Um calor insuportável se formou. Do nada aquele velho senhor se transformou numa figura assustadora. E uma risada mortal se fez ouvir.
- Então duvida de quem sou? Não me provoque que você ainda tem alguns minutos até ser levado para onde nunca deveria ter saído.
- Espere me dê uma chance de ser feliz... Quero muito viver. Não posso mais continuar do jeito que estou, quero muito viver, quero ser feliz, preciso ser feliz.
- Mas você está se autodestruíndo por anos seguidos, não há mais chance de continuar desta forma.
- Então ainda posso tentar viver de outra forma?
- Sempre há esta possibilidade. Mas aí é com o outro departamento. Aquele que acreditada na humanidade e que nem gosto de dizer o nome.
- O senhor fala de Deus?
- Não fale este nome perto de mim.
- Mas então o que é.
- Você deve ter amor pela sua vida. Você deve ter algum horizonte na vida e não é vivendo da forma como você vive que irá alcançar este amor.
- Então quero, quero muito viver, quero ter um sentido, quero lutar por alguma causa... Vou lutar pela vida.
Neste momento Lucas acorda. Estava numa espécie de transe. Aquela carreira foi demais. Aqueles sentimentos vivenciados ali naquela praça foram muito reais para fazer parte de uma alucinação. Pode parecer estranho, mas Lucas tinha certeza de que recebera uma segunda chance do Diabo. A partir de hoje tudo seria diferente. Para começar largaria de vez os seus vícios diários. Este era o primeiro passo em direção ao amor. E quem sabe a uma vida melhor e com alguma esperança.
Se contasse que tudo mudou a partir de um encontro com o Diabo ninguém acreditaria. Mas para Lucas foi a realidade.
Trilha Sonora
O que tinha construído nesta existência. Quase nada. Por que estava nesta crise? Será que era a idade? Não poderia ser isso. Estava com apenas 27 anos. Todos falam na crise dos quarenta, mas nunca ouvira falar na crise dos vinte e sete... Será que esta crise era dele ou de tudo que lhe cerca? Muitas perguntas e nenhuma resposta.
Neste momento senta-se ao ao seu lado um senhor. Ficam alguns minutos em silêncio, parecem envoltos por seus pensamentos. O sol é aprazível, um vento leve se faz presente.
De uma hora para outra o senhor fala:
- Tudo a nossa volta conspira a nosso favor?
- Como assim? Penso completamente diferente do senhor? Acho que tudo nos direciona para sermos infelizes.
- Quanto anos você tem? Antes de mais nada quero me apresentar, me chamo Luci.
- Desculpe-me. Nem me apresentei, me chamo Lucas.
- Lucas, belo nome. Mas quantos anos você tem?
- Tenho vinte e sete anos.
- Então se explica o porquê do seu pessimismo. Faz parte destes tempos modernos. É atávico a esta geração o pessimismo.
- Como assim? Na sua opinião, os tempos modernos proporcionam um certo pessimismo?
- Não tenho dúvidas. A sua geração não acredita num mundo melhor. Não acredita no ser humano. Não entendo, mas é assim. É uma característica destes anos. E para falar a verdade gosto deste sentimento.
- Mas eu não me vejo pessimista. Sinto somente que não temos perspectivas.
- Se isso não é ser pessimista, não sei o que será.
- Então concordo com o senhor. Sou um pessimista. Talvez desde o meu nascimento eu seja assim. Não acredito em nada que me cerca.
- Lucas. Posso te fazer uma pergunta?
- Claro.
- Você já amou? Não falo deste amor homem-mulher. Me refiro se alguma vez você amou alguma causa?
Os dois homens ficaram se olhando. O silêncio se estabeleceu. Aqueles desconhecidos estavam olhando o firmamento. A vida corria normalmente em volta. Carros buzinando, vendedores anunciando seus produtos, crianças indo e vindo... Mas aquela pergunta estava entre eles. Lucas tinha certeza que nunca havia amado algo. Nem mesmo a vida ele amava. Mas mentiu friamente.
- Claro que amei. Alguns anos atrás eu amei de verdade a causa ecológica.
- Se você quer mentir, nossa conversa não tem sentido. Não irei malhar ferro frio. Me despeço aqui.
E aquele senhor enigmático começa a se levantar.
- Espere. Como o senhor pode ter tanta certeza de que estou mentindo? Nem eu tenho certeza se falo a verdade ou não.
- El diablo sabe mas por viejo do que por diablo. Você já se enganou por muitos anos, não se engane mais. Ainda mais agora que vim lhe levar.
- Como assim me levar?
- Isso mesmo, o que lhe disse acima não foi somente um ditado, foi uma constatação sobre a minha sabedoria. É derivada da minha velhice e não porque sou...
- Era só o que me faltava um louco que se diz ser o Diabo. Este mundo só tem loucos. Será que não é hora do senhor voltar para o hospício.
Neste momento de uma hora para a outra tudo em volta escureceu. Não se ouvia mais nada, o vento parou de soprar. Um calor insuportável se formou. Do nada aquele velho senhor se transformou numa figura assustadora. E uma risada mortal se fez ouvir.
- Então duvida de quem sou? Não me provoque que você ainda tem alguns minutos até ser levado para onde nunca deveria ter saído.
- Espere me dê uma chance de ser feliz... Quero muito viver. Não posso mais continuar do jeito que estou, quero muito viver, quero ser feliz, preciso ser feliz.
- Mas você está se autodestruíndo por anos seguidos, não há mais chance de continuar desta forma.
- Então ainda posso tentar viver de outra forma?
- Sempre há esta possibilidade. Mas aí é com o outro departamento. Aquele que acreditada na humanidade e que nem gosto de dizer o nome.
- O senhor fala de Deus?
- Não fale este nome perto de mim.
- Mas então o que é.
- Você deve ter amor pela sua vida. Você deve ter algum horizonte na vida e não é vivendo da forma como você vive que irá alcançar este amor.
- Então quero, quero muito viver, quero ter um sentido, quero lutar por alguma causa... Vou lutar pela vida.
Neste momento Lucas acorda. Estava numa espécie de transe. Aquela carreira foi demais. Aqueles sentimentos vivenciados ali naquela praça foram muito reais para fazer parte de uma alucinação. Pode parecer estranho, mas Lucas tinha certeza de que recebera uma segunda chance do Diabo. A partir de hoje tudo seria diferente. Para começar largaria de vez os seus vícios diários. Este era o primeiro passo em direção ao amor. E quem sabe a uma vida melhor e com alguma esperança.
Se contasse que tudo mudou a partir de um encontro com o Diabo ninguém acreditaria. Mas para Lucas foi a realidade.
Trilha Sonora
Fury (Los Angeles) - Muse - Absolution Tour
Map Of Your Head - Muse - Hullabaloo Soundtrack [Selection of b-sides] (Disc 1)
Superstar - Soda Stereo - Comfort Y Musica Para Volar
Later, That Same Evening - Jethro Tull - Under Wraps
Another Brick In The Wall, Pt. 2 - Pink Floyd - Rock 70´s
Indo ao PampaVitor Ramil - Ramilonga - A Estética do Frio
Lemon (Jeep Mix) - U2 - The B-Sides 1990-2000
Signos - Soda Stereo - Ruido Blanco
Young Americans - David Bowie - Singles Collection, Vol. 1
Sunshine Of Your Love - Cream - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
The Electric Co. - U2 - Boy (2008 Remaster)
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