Por vezes me descubro pensando no porquê de alguém ler o que estou escrevendo aqui no sul do mundo. É bem verdade que não são muitos, mas também é verdade que são imprescindíveis. Ao iniciar a escrita do ledventure.blogspot.com me importava somente em escrever e não me interessava em saber se alguém iria ler. Queria somente escrever e nada mais. Somente pensava em extravasar sentimentos.
Mas com o tempo senti que não bastava somente escrever, eu descobri que necessitava da outra ponta. Precisava ser lido, não como uma forma de auto promoção, mas sim como uma espécie de concepção da vida ao texto escrito. Isso mesmo, o ato de escrever é uma espécie gestação. O texto somente se completa com a interação leitor-texto. Não me refiro a concordância por parte do leitor com o que esta escrito. Absolutamente não, o texto deve provocar alguma reação no leitor, seja ela de concordância ou de oposição plena. Acho que esta é a finalidade de qualquer coisa escrita. Deve provocar algum tipo de reflexão. Procuro desesperadamente esta reação, como uma espécie de pai que luta pela vida do filho.
No mundo do Direito, a personalidade civil se estabelece a partir da primeira troca oxi-carbônica, claro que há vida antes deste marco inicial. Na formação de um texto este processo é muito semelhante. A leitura é a tal troca oxi-carbônica. Mas no mundo das palavras esta "vida civil" é constantemente reafirmada, ou seja, a cada leitura a vida do texto é reafirmada, talvez até uma ressuscitação...
Hoje falando com um amigo no Facebook, lá pelas tantas ele me perguntou por que estou escrevendo um blog. E eu fiquei alguns segundos pensando sobre aquela pergunta intrigante. Respondi algo rápido. Mas realmente aquela pergunta ficou reverberando dentro de mim. Eu até hoje não sei porque escrevo. Somente sei que necessito escrever. Muitos que convivem comigo me olham estranho. Não entendem porque despender tanto tempo em algo que não dá dinheiro. Mas a vida não é só monetarismos. A vida não se resume aos bens materiais, claro que são também importantes, mas não são a razão de vivermos. Quando alcançamos algum tranquilidade, descobrimos que a vida não se resume a uma boa casa, um carro ou a tão sonhada estabilidade. Ontem cruzei com um senhor que se dizia deprimido. Depois de alguns minutos de conversa, me olhou nos olhos e disse mais ou menos assim: "vivi quarenta anos no cheque especial, sempre com a corda no pescoço. Era um homem feliz. Hoje estou muito bem de vida, aposentado, sem nenhuma preocupação, mas sou deprimido, tomo mais de oito remédios. Mas vou levando a vida, não sei como, mas vou levando..." Quis conversar mais com este homem, mas os afazeres do trabalho me impediram de conversar mais demoradamente com aquele senhor. Queria saber se no futuro eu não posso estar na mesma situação dele e gostaria de descobrir uma forma de evitar.
Talvez escrever seja uma forma de me manter lúcido e são.
Ao chegar em casa depois daquela conversa com meu amigo no Facebook e do encontro com o homem desconhecido, olhei minha casa e entendi o porquê de escrever. É tão óbvio. Por ser assim às vezes se esconde. Olhei os livros que estão espalhados pela casa e entendi que sou um produto de tudo que li até hoje. Todos os livros que passaram pelas minhas mão forjaram quem sou. Por outro lado, tudo que li parece que necessita voltar à vida em forma de outros textos e histórias. É uma visão romântica da escrita, mas é o sentimento que vivenciei ao entrar em casa. Talvez esteja enlouquecendo, talvez não... só o tempo dirá. Neste meio tempo continuarei escrevendo.
Trilha sonora
Sweethearts - Together - The Rolling Stones - Voodoo Lounge
Hyper Chondriac Music - Muse - Hullabaloo Soundtrack [Selection of b-sides] (Disc 1)
When Love Comes To Town - U2 - The Best Of 1980-1990
Tin Man - America - Rock 70´s
We Are Hungry Men (The Original Mono Album Mix) - David Bowie - David Bowie (Deluxe Edition)
Sympathy For The Devil - The Rolling Stones - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Alone, Together - The Strokes - Is This It
Black Dog - Led Zeppelin - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Que horas não são? - Vitor Ramil + Marcos Suzano - Satolep Sambatown
Mas com o tempo senti que não bastava somente escrever, eu descobri que necessitava da outra ponta. Precisava ser lido, não como uma forma de auto promoção, mas sim como uma espécie de concepção da vida ao texto escrito. Isso mesmo, o ato de escrever é uma espécie gestação. O texto somente se completa com a interação leitor-texto. Não me refiro a concordância por parte do leitor com o que esta escrito. Absolutamente não, o texto deve provocar alguma reação no leitor, seja ela de concordância ou de oposição plena. Acho que esta é a finalidade de qualquer coisa escrita. Deve provocar algum tipo de reflexão. Procuro desesperadamente esta reação, como uma espécie de pai que luta pela vida do filho.
No mundo do Direito, a personalidade civil se estabelece a partir da primeira troca oxi-carbônica, claro que há vida antes deste marco inicial. Na formação de um texto este processo é muito semelhante. A leitura é a tal troca oxi-carbônica. Mas no mundo das palavras esta "vida civil" é constantemente reafirmada, ou seja, a cada leitura a vida do texto é reafirmada, talvez até uma ressuscitação...
Hoje falando com um amigo no Facebook, lá pelas tantas ele me perguntou por que estou escrevendo um blog. E eu fiquei alguns segundos pensando sobre aquela pergunta intrigante. Respondi algo rápido. Mas realmente aquela pergunta ficou reverberando dentro de mim. Eu até hoje não sei porque escrevo. Somente sei que necessito escrever. Muitos que convivem comigo me olham estranho. Não entendem porque despender tanto tempo em algo que não dá dinheiro. Mas a vida não é só monetarismos. A vida não se resume aos bens materiais, claro que são também importantes, mas não são a razão de vivermos. Quando alcançamos algum tranquilidade, descobrimos que a vida não se resume a uma boa casa, um carro ou a tão sonhada estabilidade. Ontem cruzei com um senhor que se dizia deprimido. Depois de alguns minutos de conversa, me olhou nos olhos e disse mais ou menos assim: "vivi quarenta anos no cheque especial, sempre com a corda no pescoço. Era um homem feliz. Hoje estou muito bem de vida, aposentado, sem nenhuma preocupação, mas sou deprimido, tomo mais de oito remédios. Mas vou levando a vida, não sei como, mas vou levando..." Quis conversar mais com este homem, mas os afazeres do trabalho me impediram de conversar mais demoradamente com aquele senhor. Queria saber se no futuro eu não posso estar na mesma situação dele e gostaria de descobrir uma forma de evitar.
Talvez escrever seja uma forma de me manter lúcido e são.
Ao chegar em casa depois daquela conversa com meu amigo no Facebook e do encontro com o homem desconhecido, olhei minha casa e entendi o porquê de escrever. É tão óbvio. Por ser assim às vezes se esconde. Olhei os livros que estão espalhados pela casa e entendi que sou um produto de tudo que li até hoje. Todos os livros que passaram pelas minhas mão forjaram quem sou. Por outro lado, tudo que li parece que necessita voltar à vida em forma de outros textos e histórias. É uma visão romântica da escrita, mas é o sentimento que vivenciei ao entrar em casa. Talvez esteja enlouquecendo, talvez não... só o tempo dirá. Neste meio tempo continuarei escrevendo.
Trilha sonora
Sweethearts - Together - The Rolling Stones - Voodoo Lounge
Hyper Chondriac Music - Muse - Hullabaloo Soundtrack [Selection of b-sides] (Disc 1)
When Love Comes To Town - U2 - The Best Of 1980-1990
Tin Man - America - Rock 70´s
We Are Hungry Men (The Original Mono Album Mix) - David Bowie - David Bowie (Deluxe Edition)
Sympathy For The Devil - The Rolling Stones - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Alone, Together - The Strokes - Is This It
Black Dog - Led Zeppelin - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Que horas não são? - Vitor Ramil + Marcos Suzano - Satolep Sambatown
Lélis, gostei.
ResponderExcluir