Pular para o conteúdo principal

A chegada de uma mãe...

     Hoje fui esperar minha mãe, sempre é legal este reencontro mãe e filho. Mas ao esperá-la fiquei pensando em que eu poderia escrever hoje. De uns tempos para cá notei que fico com o olhar mais apurado para ver se encontro algo para escrever. Este blog me transformou numa pessoa mais observadora, e por vezes meus amigos e minha companheira de vida me dão dicas sobre o que escrever. Todos estão envolvidos nesta minha loucura diária. Fico feliz com este envolvimento das pessoas que gostam de mim.
     Nesta espera me veio à mente o trabalho dos colunistas de jornais que necessitam escrever colunas diárias, faça sol ou faça chuva e, ainda por cima, tem que ser interessante e agregar leitores. Uma tarefa prazerosa que é a escrita, por vezes, pode se transformar no maior dos martírios. Imagino estes cronistas em frente ao computador tendo que escrever algo interessante e que prenda a atenção do leitor. Admiro cada vez mais esta profissão de jornalista.
     Aqui neste blog, numa escala bem menor, às vezes passo pelos mesmos dilemas. A vida cotidiana é em muitos aspecto sem nenhum encanto. Por exemplo, hoje na rodoviária só aconteciam situações comuns, homens arrumando o piso da rodoviária, ônibus chegando e saindo ou pessoas com olhares distraídos, parecendo sem rumo. Mas tudo absolutamente comum. Eu com meus pensamentos, imaginando a tarefa do escritor de coluna de jornal. Quem me olhasse veria apenas mais um a espera de alguém. Mas minha cabeça ia longe. Talvez vivendo uma fantasia, quem sabe ali todos estivessem vivendo suas fantasias. Indo e vindo de seus sonhos e, por vezes, caindo na dura realidade da vida.
     O cronista de jornal passa diariamente o seu pesadelo. Ter que escrever sua coluna. O ser humano tem a capacidade de transformar coisas boas em processos terríveis.
     Ao encontrar minha mãe me senti acolhido, mesmo ela não entendendo, mas parecia que enfim tinha chegado a minha inspiração. Na minha infância sempre que eu precisava de ajuda ela estava lá, me dando apoio. Hoje senti o mesmo. Ao vê-la descendo do ônibus o seu sorriso foi como se dissesse, "filho, estou tendo uma ideia para o o texto de hoje no teu blog" e ao chegar perto de mim  disse apenas "como tu está bem, meu filho". Foi a maior injeção de ânimo. As mães são assim mesmo, sabem o que dizer e em que momento dizer. Continuei sem inspiração, mas muito mais feliz, afinal, estava bem...
     Por vezes nossas vidas são tão normais, não acontece nada que poderia ser retratado numa coluna ou blog, mas a vida é assim mesmo. Estes pequenos momentos de felicidade, como e encontro de mãe e filho, são as coisas mais comuns, mas como são importantes em nossas vidas. Podem não ser interessantes para um blog ou colunas diárias em jornais, mas é o que nos mantém vivos.
     Hoje apenas escrevi o que meu coração queria dizer. Obrigado mãe. E tu estava certa, estou muito bem hoje e o motivo é a tua chegada.

Trilha Sonora
No Necesito Verte (Para Saberlo) (Candombe Mix) - Soda Stereo - Rex Mix (EP)
I Threw A Brick Through A Window  - U2 - October (2008 Remaster)
Radio Free Moscow - Jethro Tull - Under Wraps
Television - Marquee Moon - Rock 70´s
Little Red Rooster - The Rolling Stones - Singles Collection - The London Years (Disc 1)
Might As Well Get Juiced - The Rolling Stones - Bridges To Babylon


Este texto foi produzido com intervenções da minha mãe, Dona Maria, do tipo: "Como está bonita a tua casa", "tu não quer nada?", "quem sabe aquele café batido que tu gosta?".

Comentários

  1. Sem duvida, o melhor texto do "brog". Todos que conseguii ler gostei muito, mas este em especial é o melhor de todos. Ler o texto, tomando o café batido da Dona Maria,com certeza não tem preço!
    Abraços a todos aí em Caxias! Márcio.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Interaja com Ledventure...

Postagens mais visitadas deste blog

Ocaso!

    Faz muito tempo que não entro aqui para escrever. Aliás, faz muito tempo que não acesso o blog. Ele está em um processo de hibernação. Quase uma vida mantida por aparelhos.     O motivo? Talvez o ocaso do LedVenture esteja próximo. Gosto da palavra ocaso. Penso em um caso qualquer, uma história qualquer que será contada. É o tipo de palavra que o som te carrega a muitos lugares e situações. Mas voltado desta pequena digressão, o LedVenture sempre foi um personagem vivido por este blogueiro neófito. Um personagem que por breves momentos adquiriu vida própria. Um personagem que ultrapassou os limites da ficção e viveu algumas experiências muito interessantes. Outras nem tanto.      Cruzam ambulâncias aqui perto, correndo não sei para onde, talvez para acudir este blogueiro, talvez não... As ambulâncias passarem e a vida volta ao normal por aqui, não me acudiram. Parece que não foram chamadas para me atender.  Na verdade não prec...

A casa não vai cair...

     Um amigo, aliás, um ótimo amigo escreveu algo que me fez pensar: "... enquanto nos perdemos nos detalhes, contando, classificando... a vida passa e a casa vai caindo, pouco a pouco."      Este amigo em poucas palavras me mostrou o que somos, ou melhor, no que nos transformamos.      Parece que deixamos de lado o quadro para prestarmos atenção na moldura, sabemos tudo sobre este detalhe, o ano da fabricação da madeira, o tipo e forma do corte, esquecemos de olhar o quadro em si. Fechamos os olhos para a pintura...      No início o não entendi, pois o simples nos é tão difícil de entender, sempre estamos  querendo transformar esta simplicidade em algo complexo. Mas esta simplicidade quando nos é revelada nos abre olhos, enxergamos além da moldura, passamos a ver o conteúdo do quadro; nos surpreendemos com o que surge aos nossos incrédulos olhos.      Parece que somos criados para somente fazermos part...

Modernidade, botas e amor...

     Este mundo da modernidade é muito frugaz, tudo muda de uma hora para outra. O que hoje é a maior representação da tecnologia, amanhã é totalmente obsoleto. Hoje vivemos o tempo da mudança constante, até mesmo para que haja movimentação econômica, consumo e mais consumo.      O ser humano viveu milhares de anos evoluindo gradativamente, se adaptando ao meio para sobreviver as vicissitudes da vida. Hoje em dia nós seres humanos alteramos o que nos cerca para que este se molde as nossas necessidades. Construímos enormes hidrelétricas alagando milhares de hectares. Para quê? Para  produzir mais energia e satisfazer nossas pequenas necessidades. Criamos cidades dentro de mares para que? Para simplesmente ostentarmos, ou seja, para mostrarmos para os mais desvalidos que existe uma classe social que pode tudo. Erguemos centrais atômicas na zona mais perigosa do mundo e ficamos surpresos quando acontece uma catástrofe anunciada.      Qu...