Pular para o conteúdo principal

Apenas vinte e sete anos...


     Como alguém morre aos 27 anos? Como alguém perde a vontade de viver aos 27 anos?
     Nós todos somos responsáveis quando este alguém desiste de viver tão cedo. Nós como membros deste grupo social que se diz racional não podemos virar as costas para esta responsabilidade.
     Todos acompanhamos a morte da Amy. A cada dia líamos alguma nota sobre um porre, algum escândalo ou então algum teste de limites. Por que não fizemos nada? Por que deixamos esta morte ocorrer? De todas as formas contribuímos com esta morte. Nesta conta não pode ser creditada apenas a morte da Amy, temos que colocar muitas outras mais. Sem pensar muito lembro do Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones e Kurt Cobain. Estes se foram com apenas 27 anos.
     A morte com apenas 27 anos é mais uma fato em comum entre estas mortes. Mas não é apenas este o ponto de contato entre estas mortes. Todos estavam solitários após experimentarem um sucesso imensurável. O sucesso os tornou mais solitários do que nunca. Lutaram pelo sucesso, sem saber que este seria o causador de suas mortes precoces. Parecem aqueles bichinhos da luz que se sentem atraídos por aquela "luz mágica". Quando chegam perto sofrem os efeitos danosos e quase imediatamente morrem.
     Esta sociedade a qual estamos ligados fabrica ídolos da mesma forma que os mata. Nós todos somos responsáveis por estas mortes e por outras que ainda virão... Será que já não é mais tempo de darmos um basta nisso. Quantos mais irão morrer diante de nossos olhos e até quando iremos ficar passivos diante destes suicídios midiáticos. Muitos outros artistas se foram nestas mesmas condições uns mais novos outros mais velhos. Só para relembrar,  Elvis Presley, Carmem Miranda, Raul Seixas, Marilyn Monroe, poderia citar um cem número de artistas que depois de experimentarem o sucesso, sucumbiram diante deste êxito.
     Cada vez que algum ídolo se vai, ainda mais quando nestas condições como as experimentadas pela Amy, sinto um vazio muito grande dentro de mim. De alguma forma somos um dos assassinos deles.
     Diante desta fria tela de computador faço minha mea culpa. Diante de mais esta morte meu sentimento é de profunda tristeza. No que estamos nos transformando? Ao ouvir as músicas da Amy neste quarto triste, nesta noite triste... Choro e apenas desejo que estes fatos não ocorram mais, quero acreditar que não compactuaremos com estas tristezas de sempre. Por favor não permitam que estas tristezas voltem a invadir nossos corações... Para tanto, quem sabe, não seria importante darmos um primeiro passo. Quem sabe este mundo do estrelato não é assim porque do outro lado, nós comuns do povo, estimulamos de forma indireta esta indústria. Quem sabe devamos mudar a forma como consumimos este produto que é derivado do show business. Quem sabe paremos de endeusar estes artistas, quem sabe olhemos eles como nós, ou seja, apenas mais uma pessoa com suas carências, suas dúvidas, seus medos, enfim, apenas uma pessoa normal.
     Hoje estou triste. Triste pela Amy, triste pelo Kurt, triste pelo Elvis, triste pois tenha a impressão que outros terão o mesmo fim. Agora começa uma das mais bonitas músicas interpretadas pela Amy - Love is a losing game. Eu apenas acrescento que esta vida que vivemos também é um jogo perdido, temos que virar este jogo e a única forma é mudarmos nosso jeito de viver. Quem sabe respeitando o nosso semelhante e nos preocupando com quem como nós sofre... 


Trilha Sonora

You know I'm no good - Amy Winehouse - Back to black
Me & Mr Jones - Amy Winehouse - Back to black
Just friends - Amy Winehouse - Back to black
Back to black - Amy Winehouse - Back to black
Love is a losing game - Amy Winehouse - Back to black
Tears dry on their own - Amy Winehouse - Back to black
Wake up alone - Amy Winehouse - Back to black
Some unholy war - Amy Winehouse - Back to black
He can only hold her - Amy Winehouse - Back to black
Intro / Stronger Than Me - Amy Winehouse - Frank

Comentários

  1. Ah, sim, realmente eu deveria ter colocado o nome da banda, mesmo porque quando eu fui lá eles estavam tocando - são bons! Não é a primeira vez que a Lonely Hearts Club Band toca lá.
    E a foto, se você clicar nela pode saber de onde veio, eu encontrei no Google, mas veio desse site: http://lonelyheartscb.wordpress.com/

    Obrigado por passar no blog, e realmente é uma pena que a Amy entre pro tão temido clube dos 27!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Interaja com Ledventure...

Postagens mais visitadas deste blog

Somos 99%

     Somos uma parcela significativa de qualquer sociedade. Somos os 99%. Apesar de sermos a imensa maioria, ainda assim somos excluídos de quase tudo. Somos chamados somente quando os detentores das riquezas, os outros 1%, precisam de nossos sacrifícios.      Como é possível que uma sociedade, com alicerces tão frágeis, fique de pé por tanto tempo? Não tenho a resposta. Entretanto, sinto que algo está mudando e muito rapidamente. Esta sociedade injusta já não está mais tão firme e começa a ser questionada. Nos últimos meses estamos acompanhando vários movimentos sociais espraidos pelo mundo. É a voz dos 99% se fazendo ouvir. Estamos cansados de sacrifícios intermináveis. E sempre dos mesmos para os mesmos. Nunca são chamados os detentores da riqueza. Um porcento da população nunca se sacrifica, mas quando aparece alguma dificuldade, criada pela ganância deles, colocam de lado suas convicções e imploram ajuda dos governos. Estes governos que sempre foram...

A casa não vai cair...

     Um amigo, aliás, um ótimo amigo escreveu algo que me fez pensar: "... enquanto nos perdemos nos detalhes, contando, classificando... a vida passa e a casa vai caindo, pouco a pouco."      Este amigo em poucas palavras me mostrou o que somos, ou melhor, no que nos transformamos.      Parece que deixamos de lado o quadro para prestarmos atenção na moldura, sabemos tudo sobre este detalhe, o ano da fabricação da madeira, o tipo e forma do corte, esquecemos de olhar o quadro em si. Fechamos os olhos para a pintura...      No início o não entendi, pois o simples nos é tão difícil de entender, sempre estamos  querendo transformar esta simplicidade em algo complexo. Mas esta simplicidade quando nos é revelada nos abre olhos, enxergamos além da moldura, passamos a ver o conteúdo do quadro; nos surpreendemos com o que surge aos nossos incrédulos olhos.      Parece que somos criados para somente fazermos part...

Uma história do ponto e da vírgula.

     Ia escrever sobre o cotidiano. Mas não me deu vontade. Então me lembrei de uma pequena altercação entre o ponto e a vírgula. O fato ocorrido que presenciei foi mais ou menos assim...      O ponto sempre foi determinado, sempre certo  do que queria, nunca deu espaço para qualquer tipo de dúvida e constantemente reclamava da vírgula. Dizia que ela era um poço de incertezas, sempre acompanhada de um entretanto, talvez, quem sabe. Isso o ponto não suportava. O ponto estava a pronto para encetar algum ataque. Mas o sempre era demovido pelo ponto de exclamação, este sim o mais respeitado entre os sinais de pontuação.      A vírgula de seu lado sempre reclamava deste ar superior do ponto, sempre encerrando os assuntos, não dando margem para nenhuma discussão. Lá longe a reticências nem dava bola tinha uma vaga idéia de que aquela "desinteligência" iria virar amor.    Não é que um dia num texto mal pontuado, como este, o ...