Pular para o conteúdo principal

Nossa infelicidade diária

     Hoje me deparei com um excelente artigo indicado por uma especial amiga. Aliás, as indicações desta amiga sempre são relevantes, talvez ela seja uma espécie de google para mim. Estes tempos ela me indicou e emprestou o DVD Os Sonhadores, uma obra prima da sétima arte. Cabe aqui uma pequena digressão. Como escrevi estes dias, todos que me cercam indicam algo que possa servir como inspiração para um post. Como é boa esta interação com meus amigos...
     Mas, enfim, quero escrever sobre o artigo de autoria de Eliane Brum e que pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico - Artigo Revista Época, Eliane Brum -. No texto a autora discorre sobre a nossa inabilidade para lidarmos com frustrações e a responsabilidade de nossos pais neste processo.
     Todos esperam a felicidade, mas poucos estão dispostos a lutar por ela. Aliás, a felicidade que todos esperam não seria uma consequência de suas ações, mas sim uma simples decorrência da vida ou mesmo uma cláusula pétrea. O simples ato de viver acarretaria de brinde a felicidade. Talvez uma espécie de venda casada do astral. Ainda bem que não é assim. A felicidade não cai do céu, é uma consequência dos nossos atos. E, ainda há a possibilidade fazermos tudo "certo' e assim mesmo não alcançarmos a almejada felicidade.
     Acho que Charles Darwin dizia "Natura non facit saltum" (natureza não dá saltos), muitas vezes iremos derrapar no meio da estrada, iremos tomar caminhos errados, portanto, devemos estar preparados para estes percalços. Este é o caminho tortuoso para alcançar um pouco de felicidade, por vezes efêmera, mas ainda sim felicidade. Aliás, sempre tive a impressão de que não existe vida com felicidade plena, acho que sempre a teremos em doses homeopáticas. Cada vez mais esta impressão se afirma, pelo menos para mim.
     As pessoas não se preparam para a possibilidade de derrotas surgirem no meio do caminho. Estas derrotas podem nos ensinar. Mas somente para aqueles que se dispõem aprender. Claro que este aprendizado, como diz Eliane Brum em seu artigo, se inicia no seio familiar, mas nós também temos que olhar a vida com os olhos da realidade e não do mundo de fantasias que muitos insistem em nos vender, seja a família superprotetora ou esta sociedade de consumo que nos cerca. Muitos colocam no mundo exterior a causa e explicação para as suas frustrações. É muito mais fácil imaginar que o mundo conspira contra a nossa felicidade, do que chegarmos a conclusão que a infelicidade faz parte de muitos momentos de nossas vidas.
     Por outro lado, a sociedade que nos cerca só dá espaço para a felicidade ou aos bem-sucedidos, então, necessariamente, temos que ser e estarmos constantemente felizes. Parece que a felicidade é uma obrigação e não há espaço para mais nada. Quem não está na onda de "estamos todos felizes" é uma espécie de derrotado ou mesmo um anormal. Não gosto de nada que seja imposto, até mesmo a felicidade.
     Em muitas passagens da minha vida senti o peso da derrota, imaginei que não existiria nenhuma perspectiva adiante, mas em nenhum momento busquei explicações em outras pessoas ou imaginei complôs contra mim. Apenas tentei tirar lições daquelas situações, tentei aprender com aqueles erros para não repeti-los no futuro. É verdade que os repeti muitas vezes. Mas aprendi.
    Não é fácil lidar com decepções e frustrações da vida, mas é necessário. Constantemente eu lembrava da frase "Natura non facit saltum", formava a convicção de que eu estava pavimentando a estrada da minha vida e que tudo fazia parte do pacote vida.
     Sinceramente não sei se é possível ensinar a encarar as derrotas da vida, mas tenho convicção que é possível, pelo menos, haver uma preparação. Descobri sozinho como me olhar após uma derrota, aprendi a entender que os meus erros decorreram em muito de minha falta de aptidão naquele momento, e que eu poderia alterar o destino da minha vida. E se naquele momento eu tinha fracassado,  não necessariamente eu iria fracassar no futuro. Confesso que não foi fácil. E não é fácil.
    Agradeço hoje as minhas derrotas, cada uma delas. Me lembro dos seus gostos amargos, das suas implacáveis sensações e hoje vejo que todas, sem exceção, me prepararam a valorizar o que vivo hoje e, também, para as inevitáveis tristezas que teimam em surgir pelo caminho.

Trilha Sonora 
Year Of The Cat - Al Stewart - Rock 70´s
Trevor Jones - Interrogation - U2 - In The Name Of The Father
The Great Gig In The Sky  - Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon
Fire And Rain - James Taylor - Rolling Stone Magazine's 500 Greatest Songs Of All Time
Violet Hill - Coldplay - Viva La Vida or Death And All His Friends
April Wine - Roller -  Rock 70´s 
Twilight - U2 - Boy (2008 Remaster)
I've gotta get a mes - Bee Gees - The very best of the Bee Gees
Jack-in-the-Green - Jethro Tull - Songs From the Wood
Everything's Not Lost Coldplay Rockabye Baby! Lullaby Renditions

Comentários

  1. "Tristeza não tem fim
    Felicidade sim"

    Belo texto, parabéns!
    Muitos já disseram que essa obrigação de ser feliz é o nosso mal, felicidade são momentos. O resto é a vida.

    Bjs, Google.
    (Hahaha.... fiquei me achando...)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Interaja com Ledventure...

Postagens mais visitadas deste blog

Licenças poéticas

      No texto do Cotidianidade recebi o seguinte comentário: estou de olho..não adianta remover... Já criaste 2 leitoras que " contribuiram" com teu blog.. por que não assumir que os textos são teus? é para parecer que mais gente lê o blog? os teus textos são bons..não precisas deste artifícios..      Primeiramente tenho que dizer que fui surpreendido com este comentário. Engraçado como algumas coisas mexem com nossos sentimentos. E sem muita explicação.      Sempre ouvi a seguinte frase "não importa o meio, mas sim a mensagem". E acho que serve para este caso, não importa se quem escreveu foi A, B ou C, mas sim se cumpriu com sua missão, levar alguma mensagem, seja ela tola ou não. Se pensamos sobre o que lemos já basta. Este é o objetivo de qualquer escritor, seja ele neófito como eu ou os mais experientes.      Escrever é uma atividade de exposição, nos desnudamos através das palavras (escrevi isto estes dias) e é a mais pura realidade. Quem quer escrev

Ciclo do amor...

      - Não sei como chegamos até aqui sendo completamente diferentes.      - Nós chegamos aqui por discordâncias irreconciliáveis. Nossa relação foi um erro.      - Como um erro, se estivemos casados por vinte anos?      - Mas nestes vinte anos nos fizemos muito mal. Desperdiçamos tempo ao tentar tornar o nosso amor viável. Pelo menos é o que eu penso.      - Realmente somos diferentes. Mas nunca achei que nosso casamento foi um erro. Fui muito feliz ao teu lado.      - Nestes anos, tu pode me dizer quantos foram realmente felizes ao meu lado?      - Não podemos mensurar este tipo de sentimento. A felicidade é um conjunto de pequenos momentos felizes. Tu sempre buscou algo fora de ti. Nunca consegui achar esta felicidade interior e buscava no outro ou no teu entorno.      - Não estou afirmando que fui infeliz, mas sim que esta vida não foi a que esperei para mim.      - Sempre olhando somente o teu lado, sempre senti que na verdade tu era muito egoísta, mas eu tinha a convicç

"Como fazer sexo"

     O Google a cada ano nos revela as trends, em nosso amado português podemos traduzi-lo como tendências. Ou no português mais nosso ainda são os termos mais pesquisados no ano. É interessante dar uma olhada para vermos como somos fúteis. No Brasil para se ter uma ideia o termo mais pesquisado foi o BBB13. Estamos reduzidos a quase nada. Ou um nada completo.      Mas o que mais me chamou a atenção foi um o tal tópico de "Como fazer". São todas as pesquisas com tem como intenção descobrir como fazer determinada coisa e pasmem está em quarto lugar a pesquisa "como fazer sexo". Não acreditam, então acessem o link:  Trends: Como fazer sexo . Fico imaginando a pessoa "googleando" antes daquela noite (manhã ou tarde) de sexo. "Já sei como fazer, mas quero dar uma recordada, hoje promete e não quero decepcionar". É o fim da várzea.       Eu sei que o google faz parte da nossa vida, não nos vemos sem esta ferramenta dos tempos modernos, mas pesquis