Pular para o conteúdo principal

Os desperdícios diários

     Hoje, ao abrir meu e-mail, me deparei com o texto enviado por um amigo para ser publicado aqui no Ledventure. Se fosse possível, faria minhas as palavras dele. A contribuição vem da distante Uberaba. Não conheço a cidade que este amigo das antigas foi morar, mas logo irei até lá... Me aguarde para alguma manifestação.

Por Muhammad Zola

     Como perdemos tempo com besteiras. Cada dia me sinto desperdiçando esta vida em cotidianos sem o mínimo sentido. Se fosse possível juntar todos os minutos desperdiçados em coisas inúteis teria, no mínimo, mais uma vida para ser vivida.
     Será que há um antídoto para estes desperdícios? Ao olhar em volta imagino que todos que me cercam não cometam estes desperdícios. Todos parecem tão ocupados... Mas será que eles não desperdiçam seus tempos? Será que sou só eu que deixo a vida passar nestes cotidianos inúteis?
     Não é possível que todos que cruzem por mim estejam no meio de uma tarefa imprescindível para sobrevivência do mundo. Será que o mundo está sendo salvo por todos e eu não faço nada nesta tarefa hercúlea? Será que sou apenas um transeunte em meio a multidão...
     Pura encenação. O mundo que vivemos é o mundo da superficialidade e das aparências, somos forjados na superficialidade. Não existe nada mais frustrante do que este estado de coisas que nos cerca.Tudo em nossa volta é direcionado para nos tornamos os menos críticos possíveis. Os menos questionadores possíveis. Somos um produto desta modernidade que apenas mantém a vida como ela é. Posso estar completamente enganado. Mas acho que não.
     As gerações atuais só estão preocupadas com seus umbigos ou então aparentar o que não são. Nas redes sociais nos deparamos com exemplos diários da falta de consciência. São fotos, comentários, vídeos, enfim, tudo com uma única direção, se fazer parecer. Às vezes, para limpar suas consciências rasas, assinam alguma campanha digital; desde quem não tenham que sair da frente dos computadores, pois o mundo real é muito duro para a geração virtual. A luta não faz parte desta geração. O enfrentamento é posto de lado em prol de suas imagens pessoais. O que irão dizer seus amigos se forem vistos em alguma manifestação. Corre-se o risco de serem bloqueados por seus amigos virtuais. Aí é o fim. É ou não é o mundo das aparências?
     Sinceramente cansei deste mundo de faz de conta. Queria viver um mundo diferente. Mas o que eu faço para mudar isto que me cerca? Nada ou quase nada. Mas já estou começando a me indignar, agora só falta eu sair da frente deste computador. Se alguém me avistar em alguma manifestação e quiser me bloquear na sua rede social, por favor faça isso... Quero deixar o mundo das aparências e me tornar um lutador de verdade.

Comentários

  1. http://www.youtube.com/watch?v=iCVhUvQft-s&feature=player_embedded

    ResponderExcluir
  2. estava lendo aquele livro do Hemingway, "Paris é uma festa", e invejando a coragem dele, a capacidade de acreditar em si. ele queria ser escritor, queria viver os anos 20 em Paris na companhia de outros artistas, mesmo que isso significasse diversas privações. imagina se ele tivesse ido pelo caminho fácil?

    p.s.1: tu já assistiu um filme alemão chamado "A vida dos outros"?

    p.s.2: acho que esse muhammad zola tá copiando teu estilo, te liga...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Interaja com Ledventure...

Postagens mais visitadas deste blog

Ocaso!

    Faz muito tempo que não entro aqui para escrever. Aliás, faz muito tempo que não acesso o blog. Ele está em um processo de hibernação. Quase uma vida mantida por aparelhos.     O motivo? Talvez o ocaso do LedVenture esteja próximo. Gosto da palavra ocaso. Penso em um caso qualquer, uma história qualquer que será contada. É o tipo de palavra que o som te carrega a muitos lugares e situações. Mas voltado desta pequena digressão, o LedVenture sempre foi um personagem vivido por este blogueiro neófito. Um personagem que por breves momentos adquiriu vida própria. Um personagem que ultrapassou os limites da ficção e viveu algumas experiências muito interessantes. Outras nem tanto.      Cruzam ambulâncias aqui perto, correndo não sei para onde, talvez para acudir este blogueiro, talvez não... As ambulâncias passarem e a vida volta ao normal por aqui, não me acudiram. Parece que não foram chamadas para me atender.  Na verdade não prec...

A casa não vai cair...

     Um amigo, aliás, um ótimo amigo escreveu algo que me fez pensar: "... enquanto nos perdemos nos detalhes, contando, classificando... a vida passa e a casa vai caindo, pouco a pouco."      Este amigo em poucas palavras me mostrou o que somos, ou melhor, no que nos transformamos.      Parece que deixamos de lado o quadro para prestarmos atenção na moldura, sabemos tudo sobre este detalhe, o ano da fabricação da madeira, o tipo e forma do corte, esquecemos de olhar o quadro em si. Fechamos os olhos para a pintura...      No início o não entendi, pois o simples nos é tão difícil de entender, sempre estamos  querendo transformar esta simplicidade em algo complexo. Mas esta simplicidade quando nos é revelada nos abre olhos, enxergamos além da moldura, passamos a ver o conteúdo do quadro; nos surpreendemos com o que surge aos nossos incrédulos olhos.      Parece que somos criados para somente fazermos part...

Modernidade, botas e amor...

     Este mundo da modernidade é muito frugaz, tudo muda de uma hora para outra. O que hoje é a maior representação da tecnologia, amanhã é totalmente obsoleto. Hoje vivemos o tempo da mudança constante, até mesmo para que haja movimentação econômica, consumo e mais consumo.      O ser humano viveu milhares de anos evoluindo gradativamente, se adaptando ao meio para sobreviver as vicissitudes da vida. Hoje em dia nós seres humanos alteramos o que nos cerca para que este se molde as nossas necessidades. Construímos enormes hidrelétricas alagando milhares de hectares. Para quê? Para  produzir mais energia e satisfazer nossas pequenas necessidades. Criamos cidades dentro de mares para que? Para simplesmente ostentarmos, ou seja, para mostrarmos para os mais desvalidos que existe uma classe social que pode tudo. Erguemos centrais atômicas na zona mais perigosa do mundo e ficamos surpresos quando acontece uma catástrofe anunciada.      Qu...